Face à polémica instalada em torno do eventual fecho de maternidades, o bastonário da Ordem dos Médicos considerou, esta quinta-feira, que o relatório técnico que sustenta aqueles encerramentos deve ser imediatamente divulgado. "É uma falta de respeito pelos autarcas", referiu Miguel Guimarães.
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Na quarta-feira ao final do dia, o Expresso noticiou que o grupo de peritos nomeado para estudar a reorganização das urgências de obstetrícia e blocos de parto apontou como solução para a carência de médicos o encerramento dos serviços de urgência dos Hospitais de Vila Franca de Xira e do Barreiro, em Lisboa e Vale do Tejo, e de Castelo Branco e Covilhã, na região Centro. Mais tarde, a RTP avançou que não se tratava da Covilhã, mas da Guarda e que havia mais duas unidades na lista dos eventuais encerramentos: Póvoa de Varzim e Famalicão.
A confusão instalou-se com as administrações dos hospitais visados e os autarcas a mostrarem surpresa e indignação por não terem sido ouvidos.
Nem a entrevista do ministro da Saúde, à RTP3, emitida ontem à noite, acalmou os ânimos. Manuel Pizarro garantiu que não será tomada nenhuma decisão sobre o encerramento de maternidades até ao fim deste ano e assegurou que será feita uma "avaliação criteriosa" ao estudo preliminar que propõe "muitas medidas entre as quais, o eventual fecho de maternidades".
Manuel Pizarro disse ainda que a "decisão do encerramento de maternidades, por exemplo" vai ser da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), sacudindo a responsabilidade do tema polémico para o novo diretor executivo e seu amigo pessoal, Fernando Araújo.
O nome de Fernando Araújo foi aprovado, esta quinta-feira, em Conselho de Ministros para liderar a DE-SNS, que entra em funcionamento a 1 de janeiro do próximo ano, com a entrada em vigor do Orçamento do Estado 2023.
Em declarações ao Jornal de Notícias, o bastonário da Ordem dos Médicos considerou que "o estudo devia ser divulgado imediatamente para as pessoas conhecerem a fundamentação que está por trás". Miguel Guimarães entende que o relatório deve ser enviado à Ordem dos Médicos e aos autarcas visados. "Os autarcas tiveram um papel muito importante na Saúde durante a pandemia. É uma falta de respeito saberem disto pela comunicação social", afirmou.
Sobre as declarações de Manuel Pizarro acerca da decisão de eventuais fechos caber à nova direção executiva do SNS, Miguel Guimarães discorda. "A decisão sobre o encerramento de um hospital, no final, é sempre política", referiu.