Governo estaria em "melhores condições" se não tivesse "feito tudo" para ter eleições
O secretário-geral do PCP considerou, esta quarta-feira, que, se o Governo não tivesse "feito tudo" para provocar eleições em 2021, hoje estaria "em melhores condições" para responder aos problemas das pessoas.
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"Por incrível que pareça, (...) tudo aquilo que nós afirmámos há um ano atrás está a comprovar-se", declarou o líder do PCP.
Paulo Raimundo falava aos jornalistas no Palácio de Belém, depois de ter sido recebido pelo Presidente da República, numa audiência que durou mais de uma hora e na qual apresentou, enquanto novo secretário-geral do PCP, cumprimentos a Marcelo Rebelo de Sousa.
Para Paulo Raimundo, se o Governo, aquando das negociações para o Orçamento de Estado para 2022, não tivesse "feito tudo, não tivesse obrigado à chantagem que obrigou para obrigar a eleições antecipadas", hoje "estaria em melhores condições para dar resposta aos problemas das pessoas".
O secretário-geral do PCP deu o exemplo das "questões do Serviço Nacional de Saúde (SNS)" ou da "necessidade urgente do aumento geral dos salários" para salientar que se tratam de "duas questões fundamentais" para as quais os comunistas já tinham alertado em 2021.
"O PS entendeu que não era necessário dar resposta, entendeu que o que era necessário era fazer chantagem para ir para eleições e, curiosamente, temos hoje um Governo de maioria absoluta (...) que continua a não dar as respostas, mas também a aumentar as consequências dessa sua opção política, todos os dias, na vida de cada um", referiu.
Questionado sobre as remodelações no Governo, Paulo Raimundo reiterou que, para o PCP, "a questão fundamental não se coloca no problema de ser o A, B ou C, o ministro, secretário de Estado, seja lá quem for".
"A questão de fundo, para nós, é a questão da política seguida e é essa que devia ser mudada, no nosso entender, porque a política que está em curso, independentemente dos protagonistas, não está a dar resposta aos problemas das pessoas", disse.
Raimundo defendeu que "a questão de fundo é a política que é preciso mudar" e considerou que existe uma "alternativa patriótica de esquerda", que "é necessária e que é cada vez mais evidente que é necessária".
Interrogado se considera que o executivo deveria ter escolhido governantes fora do núcleo político no âmbito da atual remodelação, Raimundo respondeu que "a responsabilidade do Governo e dos membros do Governo é do primeiro-ministro".
O secretário-geral do PCP repetiu que o seu partido "não entra em caracterizações" quanto a membros do Governo e que o importante é "a resposta" em termos de políticas.
"Se me disser 'vai haver um ministro agora, independentemente do nome ou das características, que vai aumentar o salário mínimo para 850 euros ou que vai implementar a creche gratuita para toda a gente a partir de amanhã', seria o melhor ministro que nós poderíamos encontrar para este momento", exemplificou.
Naquela que foi a sua primeira audiência no Palácio de Belém com Marcelo Rebelo de Sousa enquanto secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo esteve acompanhado pela líder parlamentar comunista, Paula Santos, pelo vereador na Câmara Municipal de Lisboa João Ferreira e pela membro do Secretariado Nacional do PCP Margarida Botelho.
Fazendo um balanço da audiência com o chefe de Estado, Paulo Raimundo salientou que se tratou de um "encontro muito importante", em que tiveram a oportunidade "de conversar" e de "o senhor Presidente da República partilhar também as opiniões que tem".
"Foi possível reafirmar também a nossa intenção de continuar a identificar os problemas das pessoas, dos trabalhadores e da alternativa que é necessário para dar resposta a esses problemas, nomeadamente o aumento dos salários, o aumento das pensões, o combate à especulação e fixação de preços", disse.