Organizações unem-se para exigir a adoção de medidas que atraiam docentes para a carreira.
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Esta quarta-feira há greve de professores e as duas federações (Fenprof e FNE) acreditam que a adesão será forte e fechará escolas por todo o país, especialmente do 1.º Ciclo e do Pré-Escolar. Milhares de alunos podem ter o dia cheio de furos. No dia em que o ministro defende o Orçamento da Educação no Parlamento, com as aposentações em nível recorde e mais de 30 mil estudantes ainda sem todos os docentes, de acordo com o contador da Fenprof, a paralisação une quase todas as organizações que contestam o corte no financiamento e pedem medidas que atraiam mais gente para a carreira.
"Há muita indignação com a falta de disponibilidade para negociar correções na carreira, como as quotas, os horários ou a precariedade. A inflação já é superior a 10% e a atualização salarial é de 0,9%. Qualquer dia os professores deixam de ir trabalhar por não terem dinheiro", frisa Mário Nogueira. O líder da Fenprof estima que mais de 70% dos docentes não chegarão ao topo da carreira por causa do tempo de serviço ainda por recuperar e das vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalões que congelam as progressões e fazem os professores perder mais tempo. A greve, sublinha Nogueira, é também uma resposta contra o discurso do ministro sobre as baixas fraudulentas e a intenção de transferir o recrutamento para as escolas.
"zero medidas"
"Esta greve está direcionada para denunciar a falta de resposta a problemas há muito identificados. Por exemplo, o Orçamento não tem, mais uma vez, qualquer medida para os professores deslocados, uma situação que se agrava com o crescimento da inflação e o preço dos combustíveis e tem reflexo direto na falta de docentes", argumenta João Dias da Silva. Para o líder da FNE, o Orçamento do Estado "tem zero medidas" para a valorização da carreira, como a eliminação das quotas na avaliação, a falta de regulação dos horários, o fim da precariedade ou a quase inexistente atualização salarial. Tudo medidas essenciais, garantem Nogueira e Dias da Silva, para manter os mais novos na profissão e atrair mais candidatos.
Dias da Silva considera que a convergência sindical na greve pode ser "pontual". Já Nogueira acredita "que não se esgota" na paralisação de hoje. A adesão vai determinar a capacidade "de pressionar" o Governo a aceitar negociar um pacote de medidas nesta legislatura.
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Não docentes
O pré-aviso de greve do Sinape abrange não só professores, mas também todos os funcionários não docentes pela revisão das suas carreiras e salários.
Negociações 7 e 8
Na próxima semana, as organizações sindicais regressam ao Ministério da Educação para negociações. Há reuniões marcadas a 7 e 8 de novembro. A dimensão dos quadros de zona pedagógica vai estar em cima da mesa.
Abaixo-assinado
O líder da Fenprof promete levar às negociações o abaixo-assinado com milhares de subscritores contra a intenção do Governo de reforçar o recrutamento pelas escolas, que podem passar a resultar na vinculação nos quadros.