Sindicato fala em adesão de 90% em escolas da região norte e de 70% no geral dos setores
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Só no Porto, esta segunda-feira, fecharam 59 das 68 cantinas escolares. Na região Norte foram "cerca de 130" e em todo o país "várias centenas", garantiu ao JN o dirigente do Sindicato de Hotelaria e Turismo do Norte. De acordo com Francisco Figueiredo a adesão à greve na região Norte, atingiu os 90% dos trabalhadores dos refeitórios nas escolas e 70% no geral dos setores, como hospitais, fábricas, centros de formação ou misericórdias. No Centro, a adesão foi de 70%, tendo encerrado cerca de 70 refeitórios de escolas básicas.
A paralisação foi convocada pela Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal. "O setor tem cerca de 25 mil trabalhadores e 90% ganha o salário mínimo nacional", garante o dirigente do sindicato do Norte, Francisco Figueiredo.
À espera de reunião
Os níveis de precariedade são "elevadíssimos", frisa, apontando que são milhares os que assinam contratos em setembro e são despedidos em junho, alguns há 20 anos. E que agora correm o risco de serem dispensados pelos municípios na sequência da descentralização de competências.
Nas escolas, insiste Francisco Figueiredo, há trabalhadores a tempo parcial, com horários de duas ou três horas diárias, com salários "que mal chegam para pagar os transportes".
A Federação, explica Francisco Figueiredo, enviou há "dois meses" uma proposta à Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal a pedir "10% de aumento salarial, no mínimo 100 euros". A contraproposta da AHRESP, critica, prevê a "retirada brutal de direitos" e a imposição de horários de 12 horas, especialmente nas cantinas dos hospitais. "O que foi proposto é que os trabalhadores concentrem as horas de quatro dias em dois. Ou seja, que trabalhem dois e folguem dois", explica o dirigente, frisando que essa proposta foi liminarmente recusada pela Federação.
Esta segunda-feira, dezenas de trabalhadores concentraram-se frente às instalações da AHRESP, no Porto. A Federação entregou uma moção na qual pede uma reunião e o início de negociações com vista à revisão do contrato coletivo de trabalho. Além dos aumentos, reivindicam por exemplo, contratos mínimos de cinco horas diárias nas cantinas escolares. O JN interpelou a AHRESP, mas a associação decidiu não tomar hoje posição sobre a adesão à greve.