Número de docentes do quadro sem colocação aumentou por falta de alunos. Pré-Escolar e 1.º Ciclo são mais afetados.
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A uma semana do início do ano letivo, há meio milhar de docentes do quadro sem colocação nas escolas públicas: mais 389 professores do quadro de escolas e agrupamentos e de Quadro de Zona Pedagógica (QZP) com horário zero do que em igual período do ano passado.
A primeira reserva de recrutamento revela que há 582 docentes com horário zero, enquanto, no ano anterior, eram apenas 193. O problema é mais grave no Norte do país. E Educação Pré-Escolar e 1.º Ciclo são os mais afetados por falta de turmas. Há 148 educadores e 196 professores por colocar, de acordo com a primeira reserva de recrutamento, divulgada na sexta-feira. Uma subida acentuada em comparação com o ano letivo anterior, em que, nesta fase, havia apenas 23 educadores e seis docentes do 1.º Ciclo com horário zero.
Filinto Lima, presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, crê que a existência de 344 educadores e docentes do 1.º Ciclo sem horário deve-se ao decréscimo populacional no Interior. "As escolas podem não encerrar, mas fecham salas, porque não há crianças", explica. "Para contrariar este fenómeno, o Governo devia investir mais no Interior e criar incentivos à natalidade, também no litoral".
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Já no 2.º Ciclo, Educação Visual e Tecnológica (EVT) destaca-se por ter ficado com 68 docentes por colocar, o mesmo sucedendo a 56 professores de Educação Tecnológica (ET) do 3.º Ciclo e Secundário. No ano passado, nesta fase, havia 27 e 46 profissionais nesta situação. Filinto Lima atribuiu o aumento do número de professores de ET com horário zero ao facto de a disciplina não ser obrigatória, mas não encontra explicação para haver 68 docentes sem colocação em EVT.
Norte mais penalizado
A falta de turmas para lecionar atinge, sobretudo, os professores de QZP (360), embora também afete os docentes de escolas e agrupamentos (222), do Pré-Escolar ao 12.º ano. Douro Sul, Vila Real e Bragança são os territórios mais problemáticos, com 272 professores por colocar, seguido de Entre Douro e Vouga, Aveiro e Viseu, com 131 docentes com horário zero. Braga, Viana do Castelo, Porto e Tâmega têm 79 profissionais nestas circunstâncias, e Castelo Branco e Guarda 66. Quanto à existência de 222 docentes do quadro de escolas e agrupamentos sem colocação, Filinto Lima acredita que o número irá diminuir nas próximas reservas de recrutamento.
"É vantajoso para o Estado colocar estes professores numa escola onde tenham componente letiva todo o ano, o mais cedo possível", defende. "Como vai haver reformas, alguns desses horários podem ser para eles, e assim não têm de contratar outros docentes".