Luís Meira, presidente do INEM, olha com preocupação para a inoperacionalidade das VMER nas zonas com pior cobertura.
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"Recusa julgar a floresta pela folha", mas vê com preocupação a inoperacionalidade das VMER no interior. Embora reconheça as dificuldades dos hospitais em fixar médicos, o presidente do INEM não lhes retira responsabilidades.
As VMER estiveram indisponíveis milhares de horas. Como se explica?
Antes de mais, gostaria de salientar que, por lei, a responsabilidade dos recursos humanos das VMER é dos hospitais. Vemos, de facto, uma assimetria litoral/interior, mas também vemos que no interior há hospitais com quase zero inoperacionalidade.
Porquê a assimetria?
Tem a ver com a dificuldade de fixar médicos no SNS, nas urgências. Muitas vezes, nos hospitais do interior, as VMER são asseguradas por internos, quando já têm condições para o fazer, que depois vão embora quando terminam a especialidade. Há um enorme "turn over" nos médicos das VMER. Com os enfermeiros isto não acontece.
Mas há VMER no interior com equipas a 100%. Como é que uns conseguem e outros não? É uma questão de prioridades?
Não quero ir por aí. Mas não tenho dúvida que a responsabilidade em termos de disponibilidade do serviço pode ser diferente.
O que o INEM tem feito para minorar a questão?
Temos aumentado a oferta formativa e temos tido reuniões com as administrações dos hospitais para chamar a atenção para esta matéria. O que nos dizem é que até têm dificuldade em identificar médicos para fazerem as duas semanas de formação com o INEM.
Como é que olha para estes números de inoperacionalidade no interior?
Com preocupação. Mas não podemos julgar a floresta pela folha, a generalidade das VMER tem taxas de operacionalidade muito boas. E, mesmo em zonas com melhor cobertura, há sempre momentos em que a resposta está condicionada à disponibilidade dos meios. Por isso é que o sistema funciona em rede, com o CODU a acionar o meio mais próximo. Mas é verdade que fico sempre mais tranquilo se o meio disponível mais próximo estiver a poucos quilómetros de distância. Felizmente, as situações dramáticas vão sendo pouco frequentes. Mas quando as coisas não correm bem somos os primeiros a ficar com um nó na garganta. Porque a nossa missão é salvar vidas.
A rede de VMER é curta?
Em termos de meios mais diferenciados, comparamos bem com outros países. É claro que gostaria de ter o dobro das VMER, mas no imediato o objetivo é ter todas 100% operacionais.