Hugo Soares: chumbo de Orçamento da AD será "irresponsabilidade política atroz"
O secretário-geral do PSD avisa o PS e o Chega de que um eventual chumbo do primeiro Orçamento do Estado (OE) do novo Governo será "uma irresponsabilidade política atroz". Reiterando que a Aliança Democrática não fará acordos com o Chega, Hugo Soares frisa, contudo, estar aberto ao diálogo com todos, "sem exceção".
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"É evidente que tem de haver um diálogo forte com todas as forças políticas", afirmou Hugo Soares, esta quarta-feira, no Fórum TSF. No entanto, acrescentou: "Estamos hoje a discutir um chumbo a um OE que ninguém conhece. Acho isto de uma irresponsabilidade atroz".
Na mesma ocasião, o social-democrata reiterou que o PSD não contará com o Chega para governar, embora tenha referido, por várias vezes, que irá dialogar com todas as forças "sem exceção".
"Apelamos ao sentido de responsabilidade dos demais partidos, designadamente dos que tiveram melhores resultados e que podem influenciar as decisões no Parlamento", disse Hugo Soares. Neste particular, destacou quer o PS quer o Chega, frisando que este segundo partido "tem hoje, de facto, um grande grupo parlamentar".
De modo a sublinhar que a situação em que a AD se prepara para assumir o poder não é inédita, recorreu a um exemplo histórico: "É a primeira vez que há uma maioria relativa em Portugal? Não. É a primeira vez que um Governo de maioria relativa cumpre uma legislatura? Não. O engenheiro Guterres governou em maioria relativa, sempre com o PSD a viabilizar os Orçamentos do PS por uma razão de respeito democrático e de estabilidade politica", lembrou.
Recorde-se que o líder do Chega, André Ventura, já veio dizer que o seu partido votará contra o OE caso a AD não abra negociações. Logo na noite eleitoral, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, avisou a AD para que "não conte" com os socialistas para governar.
IL é "parceiro privilegiado", mas PS é "fundamental" para a "estabilidade"
Na TSF, Hugo Soares começou por referir-se ao PS como "parceiro". Depois, corrigiu: "O PS é oposição e deve ser oposição, a bem do regime democrático. Na democracia há o partido de poder e há o partido maior da Oposição. É bom que essas linhas fiquem claras", defendeu.
No entanto, no entender do dirigente social-democrata, "isso não quer dizer que não possa haver acordos, consensos, e que a Oposição [do PS] tenha de ser destrutiva". Referiu-se à IL como "parceiro privilegiado" da AD, mas voltou a piscar o olho aos socialistas.
"O PS, pela responsabilidade, pela sua importância, pela grandeza, é, evidentemente, um partido fundamental para que o país possa evoluir nos próximos anos e para que possa haver estabilidade política", concluiu Hugo Soares.
Entre os socialistas, a rejeição de um bloco central é praticamente unânime, com o argumento de que um eventual Governo PSD-PS faria do Chega a grande força de Oposição. No entanto, são já várias as vozes do PS a vincar a necessidade de acordos pontuais com a AD, desde logo Augusto Santos Silva e Fernando Medina.
Na terça-feira, António Costa também sublinhou as vantagens da "estabilidade", fazendo votos para que o novo Governo possa chegar ao fim do mandato. No entanto, questionado sobre se defende entendimentos mais abrangentes, remeteu sempre essa decisão para Pedro Nuno Santos.