Igreja pede que não se condenem pessoas ou instituições por suspeitas não provadas
Os bispos portugueses apelam a que não se condenem na praça pública pessoas ou instituições, "a partir de suspeitas não provadas" de abusos sexuais por parte de membros do clero. A posição é assumida em comunicado emitido pelo Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que reuniu, esta terça-feira, em Fátima.
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Os representantes dos bispos sublinham o papel "relevante" da comunicação social e da comissão para o estudo dos abusos na denúncia e no combate a este crime. Mas, defendem que, "mais do que a participação no debate mediático em torno deste tema, é necessário não perturbar o trabalho de estudo e investigação em curso".
"Sublinhamos a necessidade de não condenar publicamente pessoas ou instituições, a partir de suspeitas não provadas, que não abonam a busca de verdadeira justiça nem os princípios de liberdade e deontologia do nobre papel de informar", pode ler-se no comunicado do Conselho Permanente da CEP.
Naquela nota, os bispos voltam a apelar à denúncia de casos de abuso e reiteram a confiança na comissão independente, garantindo que terão em conta as propostas que venham a ser feitas pela equipa liderada pelo pedopsiquitra Pedro Strech. Os membros da CEP fazem ainda um novo pedido de perdão às vítimas e expressam a determinação "em tudo fazer para que, no futuro, tais crimes não se voltem a repetir".
Durante a reunião do Conselho Permanente da CEP foi deliberado revogar "todas" as orientações para o culto adotadas durante a pandemia. São, no entanto, deixadas algumas recomendações. Sugere-se, por exemplo, que a saudação da paz se faça através de um sinal sem contacto físico, recorrendo a uma vénia ou inclinação, e o uso de máscara em locais lotados e pouco ventilados, "bem como por pessoas consideradas de risco pela idade ou pelo quadro clínico". É ainda recomendada a higienização e ventilação adequada dos espaços, "sobretudo nesta época de outono-inverno".