Concelhos continuam em alerta, com mais de 120 casos por 100 mil habitantes. Presidente da Câmara da capital confirmou esta terça-feira à noite o "congelamento".
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O Conselho de Ministro volta a reunir-se, na quarta-feira, no Centro Cultural de Belém, com os próximos passos do processo de desconfinamento em cima da mesa. Reavaliando o nível de incidência concelhio e respetivos avanços, recuos ou paragens. Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, confirmou esta terça-feira à noite que a capital não avança no desconfinamento. À luz das informações da Direção-Geral da Saúde, os peritos davam esta terça-feira como certo que Lisboa e também Braga, que continuam com uma incidência acima de 120 casos por 100 mil habitantes (a linha vermelha definida pelo Executivo), não seguem para a etapa seguinte de abertura, marcada para dia 14.
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De acordo com os dados facultados ao JN por Carlos Antunes, matemático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no passado dia 5, Lisboa contava já com uma incidência de 194 casos/100 mil habitantes e um Rt (índice de transmissão) de 1.07. O que corresponde a uma média diária de cerca de 80 casos. Para ficar abaixo do limiar dos 120, terá de baixar aos 60 casos/dia, explica. Segundo aquele especialista, Lisboa está a desacelerar a subida, num crescimento diário de 2%. A manter-se este ritmo, "poderá atingir os 240 casos/100 mil habitantes no final desta semana, início da próxima". Sendo esta a métrica do Governo - exceto para as zonas de baixa densidade (480 casos) - para recuar. Ou seja, o concelho entrará nesta semana, pela terceira vez, em alerta, com uma incidência entre os 120-239,9 casos.
Óscar Felgueiras, perito que tem assessorado o Executivo no combate à pandemia, admite "que não vai haver grandes surpresas" na reunião ministerial de hoje, sublinhando que "Lisboa não consegue ultrapassar a atual situação de um dia para o outro", estimando "duas a três semanas para baixar os 120". Analisando a evolução do Rt - "nos próximos oito a dez dias não chega a 1.0" -, Carlos Antunes entende que, "no mínimo, Lisboa precisará de três semanas" para sair da linha vermelha.
No mesmo patamar está Braga, situação já sinalizada pelo presidente da Câmara, Ricardo Rio. A 5 de junho, aquele concelho registava uma incidência de 169/100 mil habitantes e um Rt de 1.10. Apesar de estar "atrás de Lisboa, Braga cresce a um ritmo maior, com uma subida diária de 3,2%". Segundo Carlos Antunes, "Braga já esteve a subir 4,5%, registando uma ligeira desaceleração". Fazendo com que se mantenha, pela segunda semana consecutiva, acima dos 120. Ou seja, em alerta, determinando que não avança para a fase seguinte.
E se no Norte está nos 90 casos por 100 mil habitantes naquele grupo, Lisboa e Vale do Tejo está nos 206. Com a diferença de que, sublinha Carlos Antunes, em "Lisboa todas as faixas etárias estão a subir, incluindo os mais de 80 anos". Com impactos visíveis na ocupação hospitalar. Atualmente, Lisboa e Vale do Tejo responde por 46% das camas ocupadas em Intensivos e por 53% em Enfermarias, contra 18% e 35% em abril, respetivamente. "O resto do país está a baixar os internamentos e Lisboa e Vale do Tejo a subir, pelo que é muito cedo para esquecer a matriz. A relação internamentos/casos ainda não está a desacoplar e Lisboa e Vale do Tejo é prova disso", vinca o especialista.
Legislação
PSD passa ao PS decisão sobre uso de máscaras na rua
Depois de o PSD ter anunciado esta terça-feira que não pretendia renovar o diploma que estabelece a obrigatoriedade do uso de máscara em espaços públicos - por considerar que é "mais coerente" ser o Governo a fazê-lo -, coube ao PS avançar com um projeto de lei. O social-democrata Adão Silva adiantou que o PSD "não deixará de viabilizar" a iniciativa do PS ou do Governo. Coube ao PS fazê-lo. O vice-presidente da bancada socialista, Pedro Delgado Alves, esclarece que o objetivo é votar, esta quarta-feira em plenário, o projeto de lei para entrar em vigor na segunda-feira, evitando-se um vazio legal sobre o uso obrigatório de máscara.
A saber
Lisboa pressiona
A região de Lisboa e Vale do Tejo continua a responder por mais de metade das novas infeções. Na passada segunda-feira, somava mais 348 novos casos (58,2% do total). Num dia em que os internamentos continuam a subir, com 66 internados em Intensivos.
Desconfinamento
A partir do dia 14, entra uma nova fase de desconfinamento: os restaurantes e cafés podem receber clientes até à meia-noite e encerram à 1 hora; lotação completa para transportes públicos só com lugares sentados; teletrabalho recomendado; salas de espetáculo com lotação a 50%; recintos desportivos com ocupação a 33%; e modalidades amadoras com público.
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