Câmara adianta que parte do montante será para modernizar o setor, mas a ANTRAL diz que está contra.
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A denúncia partiu da ANTRAL. A Câmara Municipal quer cobrar um euro aos taxistas que apanhem clientes no Aeroporto de Lisboa, no âmbito do novo regulamento de acesso dos transportes de passageiros. Enquanto a Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) manifesta "total desacordo em relação a esta taxa", a Autarquia garante que não existe taxa nenhuma, mas sim a tentativa de "simplificação da tarifa do aeroporto, convergindo para uma lógica de tarifa única para toda a cidade".
Afirma o município, através de uma nota enviada ontem às redações, que "a CML não pretende criar uma taxa municipal, ou qualquer receita municipal, cobrada aos táxis". A mesma missiva acrescenta que na tal tarifa única que está a equacionar "uma pequena parcela poderá financiar um fundo de modernização do setor do táxi da cidade de Lisboa (medida que a autarquia considera muito positiva)". "Esse fundo não será uma receita municipal, mas do setor do táxi e para financiar o setor", sublinha.
Beneficiar as plataformas
Os argumentos não colhem qualquer simpatia junto da ANTRAL. O seu presidente, Florêncio Almeida, explicou que "todos os anos, entre a substituição de viaturas e a alteração de licenças, o setor do táxi larga 500 a 600 mil euros" e que isso "é mais do que suficiente para pagar uma modernização do setor".
"O argumento que a Câmara nos deu é que esse dinheiro seria para um fundo que visa criar infraestruturas. Ora, nós já pagamos que chegue e, portanto, se a Câmara quer infraestruturas que as faça", resumiu.
O presidente da ANTRAL refere ainda que "isto vai sempre refletir-se no preço cobrado ao cliente" e que "ao aumentar o preço do táxi, está a beneficiar-se as plataformas", como, por exemplo, a UBER. A associação está "completamente contra" esta iniciativa do pelouro da Mobilidade e do vereador Miguel Gaspar.
A autarquia veio, entretanto, dizer que tudo isto é prematuro porque está a ser estudado com a ANA-Aeroportos de Portugal, a ANTRAL e a Federação Portuguesa do Táxi. Acrescentou, porém, na nota enviada às redações, que esta tarifa única pretende "financiar a aquisição de viaturas elétricas ou plug-in, e respetivas infraestruturas de carregamento, entre outros serviços que contribuam para a descarbonização dos táxis".
Medida foi avaliada há quatro anos mas caiu
Em 2015, foi equacionada a criação de uma taxa única para os serviços de táxi feitos a partir do Aeroporto Humberto Delgado. Uma viagem custaria, no mínimo 20 euros, para um percurso até 15 quilómetros. Ou seja, assim seria mesmo que a viagem fosse só de 8 quilómetros, como é, por exemplo, a distância do terminal de chegadas ao Marquês do Pombal. O cliente passaria a pagar um valor maior, quando a deslocação fosse superior aos 15 quilómetros, com um acrescento de 47 cêntimos por cada um a mais. A medida acabou por cair por terra.