O Livre foi o primeiro partido a ser recebido, esta quarta-feira, pelo presidente da República. O deputado único Rui Tavares diz que o partido não coloca "pedidos, exigências ou pressões" a Marcelo e garante estar pronto para ir a eleições antecipadas, ambicionando a criação de um grupo parlamentar.
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"Um país que tenha normais relações entre órgãos de soberania tem de ter relações que primem pela transparência e que permitam a todos os portugueses perceberem o que se passa com o seu país. Isto é de enorme relevância, e se não for bem esclarecido vai piorar todos os nossos probemas num futuro próximo e pode colocar em questão o equilíbrio do nosso sistema e, mesmo à beira dos 50 anos do 25 de Abril, os pilares da nossa democracia, os direitos fundamentais", começou por afirmar Rui Tavares.
Após o encontro com Marcelo, que recebe esta quarta-feira, de urgência, todos os partidos em Belém, o líder do Livre afirmou que "este é o tempo do senhor presidente da República. O Livre respeita esse tempo, e não fazemos pedidos, exigências ou pressões. No entanto, acrescentamos reflexões: se o caminho for de dissolução do Parlamento, no entender do Livre, estas eleições têm de ser marcadas o mais rapidamente possivel. Não interessa ao país que se prolongue uma situação de incerteza. Se o cenário for outro, também é muito importante que o presidente da República comunique ao país os critérios em que pode não haver eleições".
Ambição de criar um grupo parlamentar
"O Livre está preparado para ambos os cenários e está preparado para ir a eleições. O Livre pode ambicionar ser um partido médio. Queremos o interesse do país à frente do interesse partidário", considerou.
"Num período de incerteza, é muito importante que os partidos digam ao que vêm. O Livre vem para ter um sistema democrático equilibrado, em que não haja cozinhados pós-eleitorias sem que haja clareza dos partidos do que querem quando forem a eleições", acrescentou Rui Tavares, que defendeu que o processo de transição energética e de combate às alterações climáticas não pode ficar manchado por "comportamentos menos prórpios dos executivos ou governantes ou suspeitas de investigação", por ser uma questão "demasiado central".
Rui Tavares frisou que o partido defende a criação de uma empresa pública, chamada Hidrogénio de Portugal, com estatutos legislados no Parlamento para haver, "em vez de leilões a privados, uma pegada pública que pode ser uma grande novidade na revolução energética que nós precisamos para o futuro".
"Neste momento, não há nenhum ministro que nos diga esse programa ou essa proposta (...) não há nenhum ministro mandatado para dizer que sim", considerou em relação ao debate do Orçamento do Estado que fica agora suspenso. O processo do Orçamento na especialidade agora está "enquinado devido à situação política".
Apontando para um calendário com eleições no final de janeiro, Rui Tavares defendeu que o partido se posiciona como uma "alternativa cívica, anti-populista". "Estaremos para garantir que não haja autoritarismos, populistas e extremistas".