Instituto contrata dez examinadores, que entrarão em setembro. Até lá, férias atrasam ainda mais agendamentos.
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A falta de examinadores para os centros de exames de condução do Instituto da Mobilidade e Transportes (IMT) faz com que, em alguns casos, a demora na marcação chegue a três ou quatro meses. O IMT assegura que os 45 dias de demora de Bragança, Coimbra e Santarém são a exceção; no resto do país, diz, as marcações são feitas num mês. Mas as escolas de condução referem ao JN prazos muito maiores - mesmo sem contar com o período de férias.
Cada centro tem de ter um mínimo de dois examinadores para que se possa sortear quem fará cada exame. E para os 21 centros de exames do IMT, fonte oficial garantiu haver 42 examinadores "a título permanente ou em acumulação de funções". Em setembro, entrarão mais dez e o instituto admite recrutar outros tantos até ao final do ano.
No terreno, todavia, as escolas desenham um cenário diferente. Os centros de exames de Castelo Branco e da Guarda, garante uma escola de condução local, só têm um examinador em funções, cada um. Para garantir o mínimo de dois, os exames são feitos alternadamente nos dois distritos - e as marcações demoram dois ou três meses. "A minha vontade é ir ao público, mas sou forçado a ir ao privado", no Fundão, diz o dono de uma escola, que pediu o anonimato.
Tapar pés e cabeça
Em Bragança, contaram duas escolas, não há examinadores. Os exames são feitos quando vão profissionais de outros locais. O atraso já ultrapassou os três meses, mas o dinamismo reduziu-o para cerca de um mês, disse Paulo Pinto, da Êxodo. Em todo o caso, há sempre um vai-e-vem de examinadores. "Tapa-se a cabeça e destapam-se os pés", lamenta. Em Viana, dos três examinadores, um está de baixa médica, assegura outra fonte ligada ao setor.
Já no Alentejo, garante Paulo Palma, da escola TopDrive, os quatro examinadores têm de se repartir pelos centros. Santarém acumula uma espera que ultrapassa os quatro meses e em Setúbal a espera ronda os três meses, acrescentou.
No Porto, o JN teve dificuldade em encontrar escolas que trabalhem com o centro do IMT. Aquelas com quem falou disseram que há muito tempo levam o seu negócio para o centro, privado, do ACP. E em Braga, diz uma escola minhota, os exames pedidos em junho estavam a ser marcados para setembro ou outubro.
Quanto ao Algarve, a demora ronda um mês e está a baixar. "Como há um centro privado em Portimão, as pessoas não dependem só do IMT", garante o diretor de uma escola de Faro.
O JN perguntou ao IMT quantos examinadores operacionais (sem ser de baixa médica, por exemplo) existem em cada centro, mas recebeu só dados por região: 17 no Norte, 13 no Centro, 6 em Lisboa, 4 no Alentejo e 2 no Algarve.
DETALHE
Privados dão aulas e fazem os exames aos mesmos alunos
Automóvel Clube de Portugal (ACP), Associação de Escolas de Condução (APEC) e Associação dos Industriais do Ensino de Condução (ANIECA) são entidades privadas que têm escolas de condução (ou cujos associados são escolas de condução) e que também têm centros de exames. O quarto é a Associação de Bombeiros de Tábua.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Centros públicos e privados coexistem?
Sim. Em 1991, mediante a explosão do número de pessoas que queria tirar a carta de condução, o Governo de Cavaco Silva permitiu que entidades privadas tivessem centros de exames.
Onde se encontram?
O Instituto de Mobilidade e Transportes tem centros em todos os distritos (três em Lisboa) e outro em Chaves. Os privados estão no Porto e em Lisboa (ACP); a associação ANIECA tem em Braga, Porto (Penafiel), Aveiro (Albergaria-a-Velha) e Setúbal (Barreiro); a associação APEC está apenas em Lisboa; e os Bombeiros de Tábua estão em Bragança (Mirandela), Castelo Branco (Fundão), Coimbra (Tábua) e Algarve (Portimão).
Quanto custam?
O IMT cobra 30 euros pelos exames práticos. Os centros privados podem ficar 20 euros mais caros.