Um padre, médico, um engenheiro, um encenador e um escritor. No 10 de junho, Marcelo Rebelo de Sousa vai reconhecer os contributos cruzados dados por portugueses e cabo-verdianos a Portugal e Cabo Verde. Quatro missões militares à República Centro Africana também serão condecoradas.
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O Dia de Portugal e das Comunidades voltará a ser celebrado em dois locais, na próxima segunda-feira: primeiro em Portugal, em Portalegre; depois em Cabo Verde, na capital Praia e na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente. Em cada cidade, o presidente da República vai dar um reconhecimento institucional a pessoas e instituições que deram um contributo relevante aos dois países.
A comemoração começa já amanhã, dia 9, em Portalegre, mas só no dia seguinte Rebelo de Sousa vai reconhecer a intervenção militar portuguesa no estrangeiro. Serão condecoradas as quatro primeiras missões militares portuguesas na República Centro Africana, ou seja, as destacadas entre janeiro de 2017 e março deste ano (neste momento, está destacada a quinta missão àquele país). Os militares portugueses estão integrados na MINUSCA, a Missão Multi-dimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana. Esta é considerada a mais arriscada missão de manutenção de paz das Nações Unidas.
Aproveitando a diferença horária com Cabo Verde (lá são menos duas horas), ainda no dia 10 o presidente terá tempo para aterrar no aeroporto Nelson Mandela, na Praia, capital cabo-verdiana. Na Escola Portuguesa, sabe o JN, serão três as pessoas reconhecidas pelo presidente da República, duas das quais a título póstumo.
Falecido no ano passado, o cabo-verdiano Luís Morazzo verá reconhecido o seu trabalho na área da eletrónica e das telecomunicações, na Força Aérea, e na transferência de conhecimento para a sociedade civil. Engenheiro de formação e coronel nas Forças Armadas, esteve no início do desenvolvimento deste setor de atividade em Portugal, nos anos 50.
Também na esfera militar, José Baptista de Sousa, português e cirurgião do exército, marcou de tal forma a sociedade cabo-verdiana que o hospital civil inaugurado na ilha de S. Vicente após independência foi batizado com o seu nome. Não só se distinguiu como oficial médico, tendo dirigido o hospital militar do Corpo de Tropas Expedicionárias a Cabo Verde durante a Segunda Grande Guerra, como também colaborou com serviço de saúde civil daquele país.
Presente na Escola Portuguesa estará o português Custódio Ferreira de Campos, colocado em Cabo Verde depois de ter concluído o curso de Teologia no seminário da congregação do Espírito Santo. O padre é um dos portugueses há mais tempo radicado em Cabo Verde e distingue-se pelo trabalho de apoio às populações mais vulneráveis.
Na terça-feira, dia 11, será já ao final da tarde que Marcelo Rebelo de Sousa entregará condecorações a dois nomes do meio cultural, no Mindelo, ilha de São Vicente. Na capital cultural de Cabo Verde, e perante a comunidade portuguesa, serão reconhecidos o escritor cabo-verdiano Germano Almeida e o encenador João Branco, fundador do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português e do Festival Internacional de Teatro Mindelact e filho de José Mário Branco.
Este será a último ponto do programa de comemoração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas de 2019.