A candidata presidencial apoiada pelo BE, Marisa Matias, acusou esta quarta-feira Cavaco Silva de ter esquecido e falhado no combate às desigualdades sociais, considerando que o Presidente da República "podia ter feito muito e não fez nada a este respeito".
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Marisa Matias falava aos jornalistas no final a uma visita ao Bairro da Cova da Moura, na Amadora, afirmando que, também no tema das desigualdades e da inclusão social, "não é preciso inventar a roda e basta cumprir e levar a sério o que está no texto constitucional", pois quando o Presidente da República jura a Constituição, jura "todo o seu conteúdo e não apenas a capa".
"Houve um agravamento muito grande das desigualdades e isso ficou esquecido do roteiro da Presidência da República", lamentou Marisa Matias, considerando que Cavaco Silva "falhou claramente" nesta área.
Quando questionada pelos jornalistas sobre aquilo que poderia ter feito o Presidente da República nesta matéria, a concorrente a Belém ironizou e perguntou: "Quanto tempo é que temos?".
"Honestamente, penso que podia ter feito muito e não fez nada a este respeito, nem sequer fazer referência, a não ser em alguns discursos anuais. Mas as pessoas estão cá todos os dias, trabalham todos os dias, merecem mais atenção do que uma referência num discurso anual", lamentou.
Para Marisa Matias, "as questões da inclusão foram uma das falhas do atual Presidente da República", continuando a haver em Portugal "muita exclusão social" e "muitas desigualdades".
Na opinião da eurodeputada do BE, quando há "uma dose tão grande de austeridade e sacrifícios como aquela que Portugal teve, são sempre as pessoas que já estão mais em baixo que sofrem mais com essas medidas".
"Uma Presidente da República tem uma posição por excelência para dar voz aos que têm menos voz e para pôr em diálogo setores da sociedade que são normalmente esquecidos ou que são mais escondidos dos grandes debates", referiu.
Marisa Matias disse, ainda, que esta é uma comunidade em concreto, "onde vivem muitas pessoas que precisam de serviços públicos dignos", exemplificando que no Bairro da Cova da Moura as creches abrem às 06:00 para que as pessoas se possam deslocar para o local de trabalho.
"As desigualdades são transversais, infelizmente, à sociedade portuguesa e têm que ser combatidas. Como é aqui o caso das amas, que trabalham a recibo verde há tantos anos, e que querem ver a sua situação resolvida", disse ainda.
JF // JLG