Equipamento não consta das normas da DGS. Hospital de Gaia diz que modelo é equiparável a outro.
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As máscaras de proteção que chegaram no último fim de semana ao Hospital de Gaia, oriundas da China, foram na sexta-feira retiradas de utilização. A suspeita de que o equipamento poderá não corresponder às exigências lançou o alarme e os profissionais que as usaram foram identificados pelo serviço de Saúde Ocupacional do hospital, apurou o JN.
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O Ministério da Saúde promete "verificar os casos pontuais que apresentem desconformidades" e avaliar se cumprem os normativos. E assegura que os equipamentos recolhidos serão substituídos.
As máscaras são do modelo KN95 (chinês), que tem gerado polémica internacionalmente e não consta da norma da Direção-Geral da Saúde (DGS) que define o tipo de equipamento de proteção individual a utilizar pelos profissionais de saúde. A norma 7/2020 de 29 de março refere apenas o uso de máscaras FFP2 ou N95 para procedimentos de risco elevado (geradores de aerossóis).
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Em resposta ao JN, na sexta-feira à noite, o Hospital de Gaia informou que as máscaras foram adquiridas centralmente e distribuídas no passado fim de semana por vários hospitais. "Apesar de ser um dispositivo de mercado não europeu, foi adquirido por quem procede à aquisição, distribuição e inerente validação para o território nacional (Infarmed)", acrescenta.
O Hospital de Gaia refere ainda que outros hospitais já estão a usar as máscaras, depois de ter sido confirmado que o modelo KN95 é equiparável para bioaerossóis (por exemplo, vírus) às já utilizadas FFP2 (standard europeu) e N95 (americano). Em Gaia, a questão só se colocou na sexta-feira porque até lá estavam a usar equipamentos de outros lotes.
O JN sabe que a situação causou grande preocupação entre médicos, enfermeiros e assistentes operacionais que estão a lidar diretamente com doentes Covid-19. Além do modelo não constar das normas da DGS, a informação que vem nas caixas das máscaras, escrita em mandarim, indica que a proteção é contra poeiras e fumos. O alerta terá sido dado por um profissional chinês depois de observar as caixas.
Perante o alarme gerado, o JN sabe que o hospital decidiu retirar as máscaras de utilização e pôr a uso outras que ainda tinha em stock.
Na resposta enviada ao jornal, o Centro Hospitalar de Gaia admite que "a ser encontrada alguma não conformidade nalgum lote, naturalmente o mesmo será remetido ao fornecedor".
EUA aprovaram no limite
Até há dias, as máscaras chinesas KN95 não estavam aprovadas pela FDA, a agência do medicamento norte-americana. Os Estados Unidos são o país mais afetado pela pandemia Covid-19 e na sexta-feira foi noticiado que o regulador mudou de posição, autorizando a importação das KN95 para fazer face à falta de máscaras.