A médica que denunciou alegados casos de erros e negligência no serviço de cirurgia do Hospital de Faro disse, esta terça-feira, que não quer regressar ao internato naquela unidade e que vai processar os dois médicos do serviço visados na queixa.
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Diana de Carvalho Pereira foi ouvida no Hospital de Portimão no âmbito do inquérito interno instaurado pelo Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA).
A médica chegou cerca das 10 horas acompanhada pelo advogado. À entrada, numa curta declaração aos jornalistas, disse que esperava ser "bem recebida" e "ouvida com clareza".
Confrontada com o anúncio de que os dois visados pretendem avançar com um processo por difamação respondeu que também irá processá-los.
A audição durou cerca de duas horas. À saída, Diana de Carvalho Pereira revelou que espera que as averiguações "decorram o mais rapidamente possível, para poder continuar o internato médico", que está suspenso, a seu pedido. "Não tenho vontade de continuar em Faro, mas o centro hospitalar tem mais unidades e pode ser que, entretanto, fique colocada numa delas", acrescentou.
A médica foi ouvida pelo diretor do serviço de cirurgia de Portimão, Mahomed Americano, nomeado pelo CHUA para instrutor do inquérito.
"Falámos sobre os casos. Reiterei tudo aquilo que denunciei. Fizeram algumas perguntas em particular de cada caso e eu fui respondendo relativamente a cada caso e às testemunhas, mas foi só isso", revelou, recusando adiantar mais pormenores.
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Diana de Carvalho Pereira também esclareceu que não foi ouvida pela Ordem dos Médicos nem voltou à Polícia Judiciária (PJ) do Sul, em Faro, onde apresentou queixa.
"A denúncia feita é para proteger as pessoas que vão ao hospital de Faro. A doutora Diana corajosamente declarou perante as autoridades aquilo que entendia que estava incorreto e é aquilo que está a ser investigado, acrescentou o advogado Francisco Teixeira da Mota.
A médica, que está no primeiro ano do internato, denunciou onze casos envolvendo um dos médicos (o seu orientador de formação) e o diretor do serviço. Segundo Diana de Carvalho Pereira, ocorreram entre janeiro e março, três resultaram em mortes e outro em lesões corporais.
Além deste inquérito interno do CHUA e da investigação da PJ, também a Ordem dos Médicos, a Entidade Reguladora da Saúde e a Inspeção Geral das Atividades em Saúde estão a averiguar as denúncias.
A médica, que estava de férias e já regressou, pediu entretanto a suspensão do internato em Faro, com efeitos a partir desta terça-feira, e aguarda recolocação.