A médica interna de Cirurgia Geral em Faro Diana de Carvalho Pereira está a ser ouvida, esta terça-feira, no hospital de Portimão, no âmbito do inquérito interno sobre alegadas más práticas e negligência no Hospital de Faro.
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A médica chegou pelas 10 horas à unidade hospitalar de Portimão, acompanhada pelo advogado Francisco Teixeira da Mota. O inquérito interno, aberto na sequência da denúncia de 11 casos de negligência e de más práticas, está a ser conduzido pelo médico cirurgião do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Mahomede Americano. O especialista foi nomeado instrutor do processo de averiguações.
"Espero ser ouvida, ser ouvida com clareza e que me recebam bem", declarou a jovem médica, à entrada na unidade. Questionada sobre se confia na independência do inquérito interno, referiu não saber. "Vou ver, não conheço as pessoas em causa".
O cirurgião e o diretor do Serviço de Cirurgia I do Hospital de Faro, visados por Diana de Carvalho Pereira, já anunciaram que vão apresentar queixa por difamação. Esta terça-feira, a médica confirmou que também ela apresentará queixa por difamação.
Recorde-se que o Ministério Público está a investigar as acusações de alegada negligência médica contra um cirurgião e o diretor do Serviço de Cirurgia I do Hospital de Faro. A denúncia foi apresentada pela médica interna que garante ter conhecimento de "11 casos" ocorridos este ano, três dos quais morreram.
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Numa das publicações nas redes sociais, deu conta que relatou 11 casos que ocorreram entre janeiro e março deste ano. "Dos onze doentes: três morreram, dois estão internados nos cuidados intermédios, os restantes tiveram lesão corporal associada a erro médico, que variam desde a castração acidental, perda de rins ou necessidade de colostomia para o resto da vida. Um dos doentes esteve uma semana com compressas no abdómen", acrescenta. "Ele [o diretor do serviço] conhece os casos das queixas e não decidiu fazer queixa ou afastar o cirurgião em causa. É, portanto, conivente com os atos e foi também, pelo mesmo motivo, alvo das queixas", escreveu então.
Diana de Carvalho Pereira garante que fez participações, também, à Ordem dos Médicos, à Entidade Reguladora da Saúde e à Administração Central do Sistema de Saúde.
Ao JN, o conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) explicou, no passado dia 10, que não teve conhecimento de nenhum dos casos denunciados pela médica interna, "uma vez que a mesma optou por os participar a entidades externas e só posteriormente informou o conselho de administração". Ainda assim, "instaurou um processo de inquérito interno urgente".