Dos mais de 51 mil inscritos só 45,6% acabaram o curso em três anos. Taxa de conclusão no tempo previsto não chega a 30% nos mestrados, revelam dados do portal InfoCursos, agora utilizado
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São dados novos. E surpreendentes. Só 45,6% dos mais de 51 mil alunos inscritos numa licenciatura em 2017/2018 concluíram-na no tempo esperado, ou seja, três anos. Percentagem que não chega a 30% nos mestrados de dois anos. Em vésperas do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior, o Ministério da Educação acaba de atualizar o portal InfoCursos, com informação essencial para as famílias tomarem uma decisão informada. Ficando ainda a saber-se que duplicaram os cursos com taxa de desemprego zero e que a taxa de desistência nos cursos de curta duração (CTeSP) ultrapassa já os 28%.
Foquemo-nos na taxa de conclusão, pela primeira vez trabalhada no âmbito do InfoCursos (ler metodologia ao lado). Numa primeira leitura mais global, constata-se que de um total de 2735 cursos, em 364 ninguém concluiu as formações no tempo esperado. Sendo que daquele universo 91,2% eram mestrados de dois anos e a maioria da oferta era pública. Em sentido inverso, 22 cursos apresentavam uma taxa de 100%: 17 mestrados de 2.º ciclo, quatro licenciaturas e um CTeSP. Com o número de inscritos a oscilar entre 1 e 23.
Duplica o número de cursos com taxa de desemprego zero
Face aos dados do InfoCursos do ano passado, contam-se agora 87 cursos – 7,6% do total – com taxa de desemprego zero. É praticamente o dobro face ao ano anterior, com preponderância das licenciaturas e do ensino universitário. Em áreas como a Medicina, o Direito ou a Física. Daqueles 87 cursos, 52% eram oferta privada.
Em sentido contrário contavam-se 12 cursos com uma taxa de desemprego igual ou superior a 10%. São menos nove face ao ano passado. Com maior peso de formações na área da Educação Social e Serviço Social.
Por outro lado, a percentagem de recém-diplomados inscritos no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) está ao nível mais baixo desde, pelo menos, 2015. Esbatendo-se ainda a diferença entre ensino público e privado. Se, em 2015, a percentagem de recém-diplomados do público e privado inscritos no IEFP era de, respetivamente, 8,6% e 12,7%, agora esse valor fica-se por 2,4% e 2,5%.
Mais estrangeiros
Já o peso dos alunos estrangeiros mantém tendência crescente, sobretudo nos mestrados de dois anos: são já 26,4% do total, mas mesmo assim abaixo dos 27,5% registados antes da pandemia. Nas licenciaturas, a proporção estabilizou nos 13,2%, tendo descido 1,9 pontos percentuais nos CTeSP para 18,2%.
Analisando as tabelas de dados, constata-se que há 455 cursos sem qualquer aluno estrangeiro. Já no top 5 com mais internacionais, em quatro formações são mais os estrangeiros que os nacionais. Sendo que desses cursos três são de Medicina Dentária. Com destaque para a Universidade Fernando Pessoa, onde 76% dos alunos naquela licenciatura são estrangeiros.
Formações curtas com quase 30% de desistência
A taxa de desistência nos cursos de curta duração, os CTeSP, está próxima do valor máximo de 28,4% registado em 2015-2016, quando se apuravam valores dos primeiros 395 inscritos naquelas formações. Agora, e numa altura em que o número total de inscritos ultrapassa os 20 mil, o abandono subiu 1,2 pontos percentuais em 2023-2024, para os 28,1%.
Nas licenciaturas, os dados apontam para uma estabilização: 11,2% dos alunos já não se encontravam no Ensino Superior um ano após iniciarem o seu curso (+ 0,1 pontos percentuais). Contudo, desde o primeiro ano letivo em modo pandemia que a taxa de abandono está acima dos 10%. Nos mestrados de 2.º+ ciclo, a taxa subiu de 15,5% para 15,9%.
Média de 14 valores
Em linha com o apurado no ano passado, a classificação média final de conclusão de 1345 licenciaturas rondou os 14 valores, que sobe para 15v de calculados todos os cursos. Sendo que em dois cursos houve um aluno em cada que terminou com 20 valores: Matemática Aplicada e Computação, no Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa; e Ciência de Computadores, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
De referir, por último, que há cada vez mais alunos a entrarem na 1.ª opção. Em 2023-2024, 43,8% foram colocados na licenciatura que pretendiam, no valor mais alto desde, pelo menos, 2015-2016.