O ministro da Educação, João Costa, afirmou, esta sexta-feira, à margem da sua intervenção no evento sobre o "PISA para as Escolas", esperar piores resultados sobre a aprendizagem dos alunos portugueses que ainda vão ser apurados por estudos em marcha, fruto dos últimos dois anos letivos em pandemia.
Corpo do artigo
João Costa relembrou que a crise trazida pela covid-19 "trouxe um acelerar das desigualdades em todos os setores da sociedade, inclusive na educação". Acrescentando que Portugal terá, em breve, dados que vão comprovar o óbvio: "alguns dos resultados só poderão ser piores numa população fortemente impactada pela pandemia".
O ministro da Educação reforçou o papel dos vários instrumentos de monitorização desenvolvidos este ano, como as provas de aferição realizadas, as provas finais do 9.º ano, as classificações internas das taxas de retenção e das taxas de sucesso, para apurar esses resultados. "Vamos repetir também, em janeiro de 2023, o estudo de diagnóstico [das aprendizagens] que foi feito em 2021", apontou João Costa.
Para João Costa, dado o cenário atual, o importante não é alcançar valores quantitativos, mas que os dados se transformem em ação: " Não me interessa estar a dizer que subimos um ponto ou descemos dois pontos [percentuais]. O que interessa é saber o que fazer com as oscilações e como agir perante as dificuldades acrescidas", apontou o ministro.
Saudou, por isso, o acolhimento de programas de avaliação como o "Pisa para as Escolas" por parte de escolas representativas de alguns dos territórios do país onde se fazem sentir essas desigualdades de uma forma mais acentuada, fazendo referência às que estiveram representadas no painel pelos respetivos agrupamentos - nomeadamente, o de Escolas D. Afonso III., em Vinhais e na comunidade intermunicipal de Terras de Trás-os-Montes, de Escolas Pioneiras da Aviação Portuguesa, na Amadora, e, ainda, o de escolas Nuno de Santa Maria, em Tomar, e na comunidade intermunicipal Médio Tejo.
"Precisamos de escolas como estas: pioneiras na reflexão e na análise, capazes de mostrar que, de facto, o nosso sistema educativo já não é o que foi. E que não baixam os braços perante a necessidade de melhorar as aprendizagens para todos os alunos", rematou João Costa.
No evento, promovido pelo IAVE (Instituto de Avaliação Educativa) e a OCDE, realizou-se um balanço do 1.º ciclo do programa "PISA para as Escolas" em Portugal, que marcou, ainda, o 10.º aniversário desde a sua criação.