O ministro da Defesa Nacional lembrou, este domingo, Maria Carrilho, que faleceu aos 78 anos, como uma "pioneira" e "uma mulher sempre comprometida com a Europa e o futuro europeu de Portugal".
Corpo do artigo
"Maria Carrilho foi uma pioneira, sendo a primeira mulher em Portugal a dedicar-se a temas da Defesa e das Forças Armadas. Muito respeitada academicamente, ela teve a ousadia de investigar temas que, à época, eram considerados reservados a homens, muito enriquecendo esta área de estudos", frisou João Gomes Cravinho, numa nota enviada à agência Lusa.
14564169
Segundo o ministro, Maria Carrilho "foi também uma mulher sempre comprometida com a Europa e com o futuro europeu de Portugal".
"Deixou-nos uma importante e significativa obra sobre a relação entre a Europa e os Estados Unidos no domínio da Defesa", referiu.
O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, disse ter sido "com tristeza" que teve conhecimento do falecimento de Maria Carrilho, com quem tinha uma "forte ligação e amizade"".
"Com um longo percurso de vida dedicada à causa pública, que iniciou ainda durante a ditadura do Estado Novo, e que a levou ao exílio em Itália, Maria Jesuína Carrilho Bernardo era doutorada em sociologia e foi deputada à Assembleia da República nas VII e X Legislaturas, eleita nas listas do Partido Socialista, eurodeputada e presidente do Movimento Europeu", lê-se numa nota.
O Presidente da República evocou Maria Carrilho como a "fundadora da sociologia militar em Portugal", que conseguiu "uma articulação virtuosa entre pensamento e ação, vanguardismo analítico e coerência ideológica".
"Com um percurso académico notável, aliado a uma relevante experiência política como deputada à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu, conseguiu uma articulação virtuosa entre pensamento e ação, vanguardismo analítico e coerência ideológica, em especial nas áreas a que dedicou a sua vida, a Defesa, os Negócios Estrangeiros e os Direitos Humanos", lê-se numa nota publicada pela Presidência da República.
Segundo o chefe de Estado, "fruto desse percurso", Maria Carrilho deixou "uma obra incontornável sobre o estudo das relações civis e militares no século XX português, sobre o papel de Portugal nos sucessivos contextos internacionais, sobre o papel da mulher nas Forças Armadas, e ainda um contributo singular para uma avaliação sistemática da opinião pública às grandes questões da segurança e defesa no Portugal democrático".
"O Presidente da República evoca a sua memória e envia condolências à família e amigos da Professora Maria Carrilho", referiu.
Helena Carreiras, diretora do Instituto de Defesa Nacional, salientou a sua "longa e grande amizade" em relação a Maria Carrilho, desde que foi sua aluna no final da década de 1980 na licenciatura de sociologia no ISCTE.
"Maria Carrilho, além de ter sido uma académica conceituada, foi pioneira na área da Defesa", declarou Helena Carreiras, destacando o tema da sua tese de doutoramento sobre o papel político dos militares. "Iniciou em Portugal os estudos sociológicos e políticos sobre os militares e sobre a relação das Forças Armadas com a sociedade civil. Saliento também o papel ao nível da entrada das mulheres nas Forças Armadas", apontou a diretora do Instituto de Defesa Nacional.
"Maria Carrilho esteve na oposição ao Estado Novo, foi uma lutadora e uma mulher que abriu novos horizontes", acrescentou.
A antiga dirigente e deputada do PS Maria Carrilho, que se destacou pelo caráter pioneiro dos seus estudos na área da Defesa, faleceu este domingo, em Lisboa, vítima de leucemia, aos 78 anos.