Costa e Silva tem quase um milhão de euros à ordem. Primeiro-ministro ganhou 116 mil euros em 2021.
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O ministro da Economia, António Costa e Silva, é o governante que mais dinheiro ganhou em 2021. Segundo as declarações de rendimentos e património entregues pelos 18 titulares de pastas do Governo, que o JN consultou no Tribunal Constitucional, Costa e Silva teve um rendimento bruto de 384 936,96 euros no ano passado. Também é o ministro com mais dinheiro em contas à ordem - quase um milhão de euros. Já o primeiro-ministro, António Costa, é um dos que têm mais casas: cinco - duas delas herdadas, uma em Goa e outra em Lagoa (Algarve)-, sendo que está a adquirir uma sexta.
Depois de Costa e Silva, foi o ministro das Finanças, Fernando Medina, quem mais dinheiro ganhou: 127 089,88 euros brutos. Segue-se Ana Catarina Mendes, ministra dos Assuntos Parlamentares, com 121 800 euros. António Costa é o quarto, com 116 100,8 euros. Alguns dos governantes apresentaram dados relativos a 2020.
Já o ministro que ganhou menos foi Pedro Adão e Silva, escolhido para a pasta da Cultura e que, no ano anterior, registou um rendimento bruto de 33 479 euros como professor e comentador. Seguem-se José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna (62 734,47 euros) e Helena Carreiras, que se estreou em 2022 no Ministério da Defesa (63 680,56 euros).
contas a prazo e à ordem
Costa e Silva também lidera na rubrica que regista as carteiras de títulos, contas bancárias a prazo e aplicações financeiras equivalentes, com um total de 291 490,3 euros. Em segundo lugar está a nova ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro (133 132,44 euros), e em terceiro figura António Costa (122 361,44 euros). Houve sete ministros que não declararam nada neste campo.
Quanto às contas à ordem, Costa Silva volta a ser o ministro com maior liquidez, contabilizando 905 307,64 euros. Até agosto de 2021, recorde-se, o agora ministro da Economia era CEO da petrolífera Partex.
Embora os ministros da Cultura e da Administração Interna tenham sido os que ganharam menos em 2021, são eles que têm a segunda e a terceira maiores quantias à ordem. Adão e Silva contabiliza 179 351 euros em várias contas, ao passo que José Luís Carneiro atinge os 149 769,5 euros. António Costa está a meio da tabela, com 36 545 euros guardados no banco. Estas contas têm de ser declaradas caso superem os 50 salários mínimos (ver ficha).
A ministra da Defesa, com 5749,77 euros, é quem tem um montante menor em contas à ordem. Seis governantes não declararam ter nenhuma destas contas: os ministros do Ambiente e da Educação e as ministras da Justiça, dos Assuntos Parlamentares, da Agricultura e da Ciência.
medina tem dois prédios
Há cinco ministros proprietários de prédios urbanos, Medina e Ana Mendes Godinho têm dois cada: o ministro das Finanças tem um em Vila Real e outro em Celorico de Basto (ambos fruto de uma herança); a ministra do Trabalho possui dois em Vila Nova de Foz Côa. Costa e Silva, Pedro Nuno Santos (ministro das Infraestruturas) e Ana Abrunhosa (Coesão) têm um prédio cada, respetivamente em Óbidos, Montemor-o-Novo e Coimbra.
António Costa é um dos que têm mais andares, só atrás da ministra da Justiça. O primeiro-ministro é dono de três em Lisboa, sendo também proprietário de um em Lagoa e de outro em Goa. É ainda promitente comprador de uma fração autónoma a construir, sem indicação de localidade. Já Sarmento e Castro lidera com dez andares urbanos, seis deles devido a herança.
Só há dois ministros a indicarem ter apenas uma casa: José Luís Carneiro e o ministro da Educação, João Costa. As ministras da Agricultura e da Defesa não declararam ser proprietárias de qualquer imóvel.
Quanto à participação no capital de sociedades civis ou comerciais, António Costa declarou ter 50 ações da Benfica SAD, Adão e Silva 20. O ministro da Cultura tem ainda 3355 ações da EDP. Há cinco ministros com participações em sociedades e apenas cinco não têm qualquer dívida: o primeiro-ministro e os ministros da Economia, Justiça, Administração Interna e Ciência.
O QUE DIZ A LEI
60 dias para entregar
A Lei 4/83 dá 60 dias para os membros do Governo entregarem ao Tribunal Constitucional uma declaração dos seus rendimentos, património e pertença a cargos sociais.
Dados exigidos
A declaração deve incluir a indicação dos rendimentos brutos constantes na última declaração de IRS, a descrição do património imobiliário, as quotas ou ações de empresas, os carros, barcos e aviões que os governantes possuam, bem como as carteiras de títulos, contas bancárias, passivo e cargos sociais exercidos.
50 salários mínimos
As contas bancárias à ordem só têm de constar da declaração se o seu montante total for "superior a 50 salários mínimos". Ou seja, as que totalizem menos de 35 250 euros não têm de ser declaradas.