João Costa: greve aos exames é como "negar direito a fazer análises ao sangue"
O ministro da Educação admitiu, esta sexta-feira, estar "preocupado" com a greve dos professores às avaliações finais. João Costa argumentou que os "principais prejudicados" pela paralisação serão "os alunos que dependem da escola pública", alegando que negar-lhes o direito à avaliação é equivalente a um médico recusar fazer análises ao sangue a um paciente. Confirmou ainda que irá pedir serviços mínimos.
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"Obviamente estamos preocupados, sobretudo porque este é um momento crítico para os alunos", afirmou o governante, em declarações à RTP. "Temos de entender que quem é verdadeiramente penalizado nestas greves são os alunos que dependem mesmo da escola pública", frisou.
No entender de João Costa, estas greves - às quais o S.TO.P. revelou, esta sexta-feira, que também aderirá, juntando-se a outras nove organizações sindicais - irão criar "uma grande clivagem" entre os ensinos público e privado. Para o ministro, os "principais prejudicados" serão os alunos "que não podem pagar explicações e que não têm pais em casa que consigam ajudá-los".
O governante referiu que as taxas de participação nas provas estão "acima dos 90%", números que considera "suficientes para aferir as aprendizagens". Nesse sentido, assegurou estar "relativamente tranquilo" no que toca à realização dos exames. "Exceto numa dimensão", alertou: "ser avaliado é um direito", pelo que negá-lo "é como se me negassem o direito a fazer análises ao sangue e eu não saber como estava a minha saúde", comparou.
Lamenta "intransigência" e diz que alunos têm "direito à tranquilidade"
Questionado, João Costa confirmou que irá "voltar a ativar os pedidos de serviços mínimos para que as avaliações possam ocorrer". Disse ter a "expectativa" de que venha a ser dada razão ao ministério caso os tribunais sejam chamados a pronunciar-se.
"Queremos garantir que os alunos, as famílias e os próprios professores têm direito à conclusão de um ano letivo sereno", justificou o ministro. Lembrou que o período das avaliações e dos exames é sempre "de grande tensão" para os estudantes, em particular para aqueles que se candidatam ao Ensino Superior.
João Costa frisou que o Governo quer salvaguardar o "direito à tranquilidade" dos alunos durante este período, tendo lamentado as "posições de intransigência" dos sindicatos. Repetidamente questionado sobre se irá adotar medidas adicionais que vão ao encontro das exigências dos professores, limitou-se a responder que o Executivo "tem de olhar para o conjunto dos trabalhadores" da Administração Pública.