O líder do PSD, Luís Montenegro, garantiu que irá recandidatar-se à liderança do PSD mesmo que perca as eleições europeias de junho de 2024, vincando que precisa de “tempo” para fazer o partido descolar nas sondagens. Também afirmou que o congelamento de rendas na habitação teria um "efeito perverso".
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“Vou recandidatar-me porque faço uma avaliação positiva do que temos vindo a fazer”, afirmou Montenegro, esta segunda-feira, em entrevista à TVI/CNN. Questionado sobre os motivos pelos quais o PSD não consegue superar o PS nas sondagens, considerou, falando para dentro do partido, que "é preciso tempo" para "reconquistar o conforto dos eleitores".
O líder da Oposição mostrou-se confiante de que o PSD "vai ganhar as eleições europeias", frisando que ainda tem "muito tempo" para subir nos inquéritos de opinião. Garantiu que já tem um cabeça de lista em mente para esse sufrágio, mas só o revelará no início do próximo ano.
Montenegro tem sido pressionado internamente para ganhar as eleições europeias, sob pena de ser substituído. De modo a tentar robustecer a sua posição, comparou a sua situação atual à de dois antigos primeiros-ministros socialistas: primeiro lembrou António Guterres, que também teve de lidar com uma maioria absoluta (a de Cavaco Silva) e que venceu as europeias de 1994 depois de ter estado "sempre atrás do PSD" nas sondagens; depois, mencionou José Sócrates, que perdeu as europeias de 2009 e venceu as legislativas dois meses depois.
Montenegro deixou também três compromissos que honrará caso chegue a primeiro-ministro: só irá governar se ganhar as eleições (ou seja, excluiu a hipótese de fazer uma "geringonça" de Direita que afaste o PS do poder caso os socialistas vençam as legislativas), não fará coligações "de nenhuma modalidade" com o Chega e formará Governo mesmo que não tenha maioria absoluta.
A este respeito, voltou a lembrar Guterres - desta vez para recordar que este pôde governar com maioria relativa porque o PSD, então liderado por Marcelo Rebelo de Sousa, mostrou o "sentido de responsabilidade" que o PS "nunca teve", referiu. Quanto a coligações pré-eleitorais, não levantou o véu: "Logo se vê", limitou-se a responder.
Travar subida das rendas teria "efeito perverso"
Na entrevista, Montenegro lembrou, por várias vezes, que António Costa está no poder há oito anos. Nesse sentido, frisou que, embora o voto contra do PSD ao Orçamento do Estado (OE) ainda não seja “certo”, tem pouca esperança numa “mudança significativa” nas políticas do Governo. Recordou problemas como os atrasos nas urgências, o braço de ferro com os professores ou a “asfixia fiscal”.
Perante a possibilidade de o OE prever uma descida do IRS maior do que o esperado, Montenegro garantiu que ficará “satisfeito” se isso ocorrer, embora frisando que essa medida “vem com um ano de atraso”. Lembrando que o PSD propôs um corte de 1,2 mil milhões de euros de IRS ainda em 2023, acusou o Governo de “eleitoralismo” por só pensar fazê-lo em 2024, ano de eleições europeias.
Na habitação, Montenegro acusou o Governo de “afunilar o mercado” por não contar com os privados. Considerou que o congelamento das rendas, embora seja, “aparentemente, uma boa notícia”, iria fazer com que os senhorios "pura e simplesmente tirassem as casas do mercado".
No que toca ao tempo de serviço dos professores – que o PSD quer fazer em cinco anos – Montenegro disse não ver problema em gerar assimetrias temporárias em relação a outras carreiras: “Assim como o Governo escolhe [começar pela] saúde, nós escolhemos a educação”, explicou.
Na saúde, o líder da Oposição acusou o PS de “hipocrisia” por defender o SNS enquanto o sustenta “à conta dos privados”. Defendeu um “pacto” para a saúde que envolva os setores público, privado e social.
O Governo vai entregar o OE no Parlamento esta terça-feira.