Motoristas portugueses autuados em Itália por invalidade de cartão emitido pelo Estado
Autoridades em Itália apreendem documentos de cinco condutores de pesados por não terem marca de homologação.
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Cinco motoristas portugueses foram autuados em Itália pelas autoridades locais por invalidade dos cartões de condutor, emitidos pelo Estado português. Os documentos, que permitem registar os tempos de descanso e de trabalho dos condutores nos tacógrafos, não possuem a "marca de homologação", que é obrigatória na União Europeia desde 2014 e, por essa razão, foram apreendidos. O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) explica que houve um erro na impressão daqueles cartões e garante que está a tentar mitigar as consequências, junto das autoridades italianas.
A multa é de "866 euros", assegura Edgar Melo. O dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) denuncia a situação que está a afetar motoristas de camiões (que cumprem rotas internacionais), mas não sabe quantos cartões foram emitidos e distribuídos sem a marca de homologação.
"Até à data, ainda ninguém tinha dado conta desta situação. A falta dessa marca de homologação faz com que os cartões não sejam considerados válidos", esclarece o dirigente sindical, sublinhando que, ao conhecimento do sindicato, chegaram "menos de uma dezena de casos".
O único país onde se registaram incidentes terá sido, para já, a Itália, nomeadamente na região de Trento. O IMT, que é a entidade responsável em Portugal pela emissão dos cartões de condução, tem conhecimento de cinco casos com motoristas lusos. Como tal, está a desenvolver esforços para resolver o problema junto do consulado português em Itália, em "estreita articulação com os agentes do setor, incluindo sindicatos e associações empresariais".
Mitigar ocorrências
Em resposta ao JN, o instituto assinala que os cartões tacográficos de segunda geração são "produzidos e personalizados pela Imprensa Nacional Casa da Moeda". Reconhece, contudo, que os documentos em causa "tinham em falha a marca de homologação e21", prevista no regulamento europeu, de 4 de fevereiro de 2014 [ler "Saber mais"].
Também a Imprensa Nacional Casa da Moeda dá conta de que está a trabalhar com o IMT "no sentido de apurar e de solucionar toda e qualquer questão relacionada com este documento de segurança". Neste momento, aquele instituto já acautelou a impressão de segundas vias dos documentos apreendidos, "sem qualquer custo para os respetivos titulares". Como os motoristas foram autuados (cabendo às respetivas empresas o pagamento das multas no momento em que são emitidas), o IMT afiança que "têm sido desenvolvidas as diligências necessárias junto das autoridades europeias e, em especial, italianas para mitigar as ocorrências".
Edgar Melo defende que é importante perceber como será solucionado o problema e a quem serão imputados os custos deste erro. O dirigente do STRUP afirma que os motoristas portugueses autuados receberam uma "multa de 866 euros" e os cartões de condutor e a cartas de condução foram também apreendidos.
"Não sabemos se a multa foi paga pelos próprios condutores ou pelas empresas para as quais trabalham", explica o dirigente. Edgar Melo afirma haver cartões emitidos desde 2012, sem a marca de homologação e acredita que o leque de cartões com o "erro" deverá ser alargado, mas desconhece o número exato.
SABER MAIS
Cartão de condutor na União Europeia
De acordo com o regulamento europeu n.º 165/2014, o cartão de condutor é um cartão tacográfico emitido pelas autoridades de um Estado-membro da União Europeia, que identifica o condutor e os dados da respetiva atividade, assim como os tempos de trabalho e de descanso.
Autoridades podem apreender documento
O documento pode ser suspenso ou apreendido, se "a autoridade competente de um dos estados-membros verificar que foi falsificado ou que o condutor utiliza cartão alheio ou obtido mediante declarações e/ou documentos falsos", segundo o mesmo regulamento europeu, criado a 4 de fevereiro de 2014.