Município controla ambiente e trânsito através de sensores urbanos inteligentes
Dados em tempo real do ruído, ar, tráfego e nível da água encaminhados para plataforma única.
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A Plataforma de Inteligência Urbana que apoia as decisões da Câmara de Guimarães é um dos exemplos mais próximos do que vão ser as cidades do futuro. Com recurso a sensores colocados na cidade, este software analisa vários parâmetros ambientais e rodoviários, de forma a saber tudo o que se passa no perímetro urbano.
Através destes sensores, é possível saber, por exemplo, que a Avenida D. João IV, uma das mais movimentadas da cidade, tem um fluxo de trânsito de meio milhão de automóveis por mês, e que cada passadeira daquela rua é atravessada, em média, por 50 mil pessoas no mesmo período.
Quatro ecrãs controlam
Num só sistema, traduzido em quatro ecrãs monitorizados por Ricardo Machado, chefe da Divisão de Sistemas Inteligentes e de Informação do Município de Guimarães, pode-se ver a informação do consumo de energia de todos os edifícios públicos em tempo real e o seu histórico, o mapa de calor da cidade, a qualidade do ar, do ruído, o número de pessoas ligadas ao wi-fi público, a disponibilidade de postos de carregamento elétrico, os lugares livres de estacionamento, o número de pessoas que estão a fazer desporto na ciclovia e até o nível de enchimento das bacias de retenção.
Estas bacias, desenhadas para evitar cheias na baixa da cidade, têm as comportas controladas à distância pela mesma plataforma. Com base em sensores ativos, o decisor abre e fecha cada comporta mediante as necessidades. "A plataforma gera alertas que nos chegam via e-mail", explica Ricardo Machado.
A forma como a informação chega à plataforma é híbrida. Alguns dados chegam através de serviços gratuitos como o Google Maps ou Here Maps, outros são recolhidos por sensores colocados na cidade, e há ainda os que chegam por via das quatro estações meteorológicas localizadas em pontos estratégicos do concelho. O sistema de ocorrências participadas pelos cidadãos também está conectado à plataforma.
"É uma ferramenta fundamental para que, quando o político quer decidir, possa fazê-lo tendo em conta uma realidade consciente", sintetiza Ricardo Costa, vereador do Desenvolvimento Económico. O projeto alcançou recentemente a distinção de "boa prática" da União Europeia devido à "acessibilidade e abrangência" enquadrada nos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU.
Ao conseguir saber em tempo real tudo o que se está a passar na cidade, o decisor ganha tempo de reação na correção dos parâmetros, sobretudo ambientais, que possam estar fora dos níveis pretendidos, exemplifica o vereador: "Com a noção do ruído que determinada rua tem, que determinada empresa faz, ou a qualidade do ar que tem determinado território, podemos ter intervenções para reduzir".
Para que tudo isto aconteça é preciso conectividade. E a baixa latência da rede 5G que está prestes a entrar no circuito comercial vai trazer mais possibilidades a esta plataforma, que permite que Guimarães seja uma smart city, embora "sempre inacabada, pois a inovação tem de ser constante".