"Não deve haver nenhum português que preferisse voltar a 2015", diz Pedro Nuno
Em Braga, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, acusou a Direita de se preparar para colocar o SNS em risco e também de "não saber o que é um transporte público", observação que repetiu em Viana do Castelo. O comício de Braga ficou marcado pelo discurso da filha de Mário Soares, Isabel Soares, que foi muito aplaudido.
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"Não deve haver nenhum português que preferisse voltar a 2015", afirmou Pedro Nuno, este domingo, em Braga. Repetiria essa observação em Viana do Castelo, poucas horas mais tarde, embora adaptando-a: no Alto Minho, disse apenas que "a esmagadora maioria" não quer regressar ao tempo em que PSD e CDS governavam.
Tanto num comício como no outro - a estrutura dos discursos foi semelhante -, o secretário-geral do PS reconheceu que "nem tudo foi bem feito" e que "há problemas" que têm de ser resolvidos. No entanto, acusou a Aliança Democrática de ter um projeto que se resume a passar "cheques" para alimentar os privados e a dar "borlas fiscais" às grandes empresas, nomeadamente a nível do IRC.
Pegando no tema da ferrovia - no qual se sente especialmente à vontade, uma vez que foi ministro das Infraestruturas -, Pedro Nuno acusou a Direita de não ter conhecimentos sobre o tema: "Não sabem o que é um comboio. Não sabem o que é um transporte coletivo nem andam nele", atirou, em Braga. Em Viana, reforçou: os membros da AD criticam o trabalho do PS na ferrovia porque "não andam de comboio".
Nas quatro intervenções que fez este domingo - nas Caxinas, em Vizela, em Braga e em Viana do Castelo -, Pedro Nuno falou da importância da redução da dívida, mostrando que está alinhado com Costa e tranquilizando quem o considera demasiado radical. Em Viana, assumiu o legado do ainda primeiro-ministro, afirmando que "as contas certas trouxeram estabilidade" e frisando que o PS conseguiu "provar" que é possível diminuir a dívida e, ao mesmo tempo, reforçar rendimentos - argumento que Costa não se cansava de repetir.
Acusa Carlos Moedas de se apropriar de trabalho do PS na habitação
Em Viana do Castelo, Pedro Nuno Santos criticou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, devido à habitação. Acusou-o de se apropriar do trabalho dos Governos PS nessa área, por apresentar como obra sua casas que foram pensadas pelos socialistas. "Elas foram projetadas por quem?", indagou.
O líder do PS insistiu que as habitações em causa apenas foram "inauguradas e entregues" aos moradores por Moedas. Tudo o resto foi feito pelos Executivos socialistas "e, já agora, por nós", frisou, aludindo ao facto de ter tutelado essa área quando esteve no Governo. Nesse sentido, argumentou que "só ficava bem" ao autarca da capital admitir que a sua responsabilidade nessas empreitadas foi limitada.
Horas antes, na Cidade dos Arcebispos, a cabeça de cartaz tinha sido a filha de Mário Soares, Isabel Soares. Num discurso muito aplaudido, apelou à mobilização dos socialistas para que "Portugal não volte a ter medo", lançando várias críticas à extrema-direita. Pedro Nuno, pelo contrário, não tem abordado esse tema nos últimos tempos.
"Nos 50 anos do 25 de Abril e nos 100 anos do nascimento de Mário Soares - não é um ano qualquer - temos a obrigação de nos mobilizarmos todos para que Portugal não volte a ter medo, não regrida e não se trave o que está a ser feito. É preciso não deixar morrer a esperança", sustentou Isabel Soares, sendo muito aplaudida por uma plateia em que os jovens rareavam.
As outras maiores salvas de palmas surgiram quando a oradora fez menções à mãe, Maria Barroso, e ao pai. Citou Mário Soares para dizer que "só é vencido quem desiste de lutar", salientando ainda que é preciso impedir "que o racismo e a xenofobia se instalem no país e que as conquistas alcançadas, como a despenalização do aborto, sejam colocadas em causa".
Na segunda-feira, a comitiva do PS começará o dia a fazer uma viagem de comboio entre o Marco de Canaveses e o Porto. Terá ainda ações de campanha em Anadia e em Coimbra.