Fernando Negrão é o senhor que se segue na liderança da bancada parlamentar do PSD, com uma das votações mais baixas de sempre. O deputado foi eleito, esta quinta-feira, por apenas 39% dos votos. Votaram 88 dos 89 parlamentares social-democratas. Houve 35 votos a favor mas a lista da candidatura de Negrão tinha 37 elementos, a contar com o próprio.
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O sucessor de Hugo Soares já anunciou que irá "assumir o cargo". "Tenho condições para assumir as responsabilidade de presidente do grupo parlamentar", disse, esta quinta-feira, assim que foram conhecidos os resultados. "Assumi a minha responsabilidade de me candidatar a presidente do grupo parlamentar, o que não aconteceu com mais nenhum deputado e essa é a segunda razão que me leva a assumir esta responsabilidade", frisou.
Negrão, que apresentou a sua candidatura após a demissão de Hugo Soares há precisamente uma semana, teve 35 votos a favor. Houve 32 brancos e 21 nulos. A única lista candidata é constituída por 37 elementos, entre os quais sete vice-presidentes - cinco deles apoiantes de Rui Rio nas diretas do partido.
Para Negrão, dois elementos dessa lista roeram a corda, ao não votarem favoravelmente. E esse facto mereceu crítica, na primeira reação à vitória magra, esta quinta-feira: "No plano ético, é absolutamente condenável a sua atitude".
"Há um problema [de ética] neste grupo parlamentar. Houve duas, eventualmente duas, mas podem ser mais, que aceitaram integrar a lista e que depois votaram em branco. Há um problema de natureza ética que me parece grave", admitiu.
O deputado disse que já ligou a Rui Rio e que o líder lhe manifestou o apoio. "Aceitei ser a cara da mudança das políticas do PSD", apontou, considerando que a sua vitória foi legitimada pelos 32 votos brancos, que encara como "benefício das dúvidas" e não um chumbo à sua lista. Ou seja, o social-democrata considera que 53 deputados, entre favoráveis e brancos, estiveram do seu lado.
Segundo Negrão, o partido está a atravessar uma "transformação das suas politicas", e que "isso traz sempre algumas convulsões e dificuldades". "Relativamente a estas dificuldades, não estava alheio às mesmas e sabia que se poderia refletir na votação para a direção do grupo parlamentar", disse.
Negrão, que foi apoiante de Santana Lopes, tinha recusado ontem não só colocar uma fasquia nos resultados, mas revelar também se aceitaria o lugar por uma margem mínima de votos.
Há uma semana, quando anunciou a sua candidatura, tinha admitido que, pelo menos, metade dos deputados votariam em si. "Sabemos que se ganham eleições com mais um voto do que a maioria, por isso é daí que partimos", disse, então, aos jornalistas no Parlamento.
As mesas de voto fecharam pelas 17.20 horas, no Parlamento, tendo o deputado Pedro Pinto, presidente da distrital do PSD/Lisboa e que apoiou Santana, sido o único que não votou.
Se se somar os 32 votos brancos aos 21 nulos e acrescentando-se a abstenção de Pedro Pinto, na prática Negrão tem 53 dos 89 deputados da bancada a colocar em causa a sua liderança.
Há seis meses, Hugo Soares sucedeu a Luís Montenegro e obteve 85,4% dos votos - um valor semelhante as seus antecessores.