Pior mês foi julho, com mortalidade 29,1% acima do esperado. Em 2022, nasceram mais de 83 mil bebés, depois da quebra histórica verificada em 2021
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Portugal continua a registar níveis de mortalidade elevados, tendo nesta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelado que, em 2022, tirando janeiro, todos os meses fecharam com excesso de óbitos face ao que seria esperado. Com julho a ser o mês daquele ano com a maior sobremortalidade - 29,1% -, posicionando-se Portugal, naquele período, como o quarto país da União Europeia com mais excesso de mortalidade. Pior, só Espanha (36,8%), Chipre (31,3%) e Itália (29,5%). Tendência que se mantém em janeiro deste ano, com 11 887 óbitos, mais 130 face a período homólogo do ano passado, refere o INE. De acordo com o eVM - sistema de vigilância da mortalidade em tempo real -, até ao passado dia 14, ou seja, num total de 45 dias, o nosso país contava já 36 dias com excesso de mortalidade. Nos últimos sete dias, eram 351 os óbitos em excesso.
Recorde-se que, no ano passado, pelo terceiro ano consecutivo, Portugal registou mais de 120 mil óbitos. Foram 124 872, apenas menos 313 face a 2021 e mais 1152 face a 2020. É preciso recuar a 1942 para registar valor superior, quando o INE contabilizava mais de 126 mil mortes.
Mais de 83 mil nascimentos
Nas estatísticas vitais agora divulgadas, o INE confirma, também, que depois da quebra histórica registada em 2021 devido à pandemia, os nascimentos fecharam acima dos 80 mil. Foram 83 915 nados-vivos, mais 5,2% face ao ano anterior. Em 2021, recorde-se, os nascimentos ficaram-se pelos 79 795, no valor mais baixo desde, pelo menos, 1960. O apuramento feito agora pelo INE para 2022 fica, ainda assim, acima dos valores registados em 2013 e 2014, quando o país digeria a intervenção da troika.
Contas feitas, o saldo natural - diferença entre o número de nados-vivos e óbitos - fechou negativo em -40 703, o segundo pior desde 1940, só ultrapassado pelos -45,2 mil registados em 2021. Falta, no entanto, apurar qual o impacto das migrações no saldo total para sabermos se, tal como em 2021, o país volta a perder população.
Na sua análise, o instituto de estatística nacional foi ainda perceber a evolução dos casamentos em 2022, após a quebra de 43% verificada no primeiro ano de pandemia. Assim, no ano passado, foram celebrados 36 946 casamentos, mais 27,2% face ao ano anterior. Com destaque para os meses de fevereiro e março, quando o "número de casamentos celebrados correspondeu a, respetivamente, 7,9 e 3,8 vezes o número de casamentos realizados nos meses homólogos de 2021", lê-se na informação disponibilizada pelo INE.