Hospitais do SNS ultrapassaram a produção cirúrgica realizada no ano pré-pandemia. Incentivos aos profissionais ajudaram a recuperar atividade.
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Os hospitais da região Norte realizaram, no ano passado, mais cem mil cirurgias do que os da região de Lisboa e Vale do Tejo. No ano em que a pandemia teve maior impacto nos hospitais, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) ultrapassou a produção cirúrgica de 2019, que já tinha sido o melhor ano de sempre.
Segundo dados provisórios da Administração Central do Sistema da Saúde (ACSS), a que o JN teve acesso, em 2021, os hospitais do SNS realizaram um total de 681 802 cirurgias (589 111 programadas e 92 691 urgentes), mais 79 042 do que em 2019. Dados que pecam por defeito, já que três unidades ainda não tinham prestado informação.
Da listagem, organizada por regiões, sobressaem as diferenças entre o Norte e Lisboa e Vale do Tejo, comparáveis tanto em número de hospitais como em população. As unidades do Norte realizaram 306 102 intervenções cirúrgicas, enquanto que as de Lisboa e Vale do Tejo fizeram 205 228, um número que, ainda assim, superou o total daquela região em 2019 (191 143).
Suspensão da atividade
A pandemia pode explicar parte das diferenças, já que, em janeiro e fevereiro do ano passado, a pressão sobre o internamento hospitalar, nomeadamente sobre os cuidados intensivos, obrigou à suspensão de atividade cirúrgica programada em vários hospitais, com especial impacto nas unidades de Lisboa e Vale do Tejo. Questionada pelo JN, a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares preferiu não se pronunciar sobre o tema esta semana.
Partindo da listagem da ACSS, o JN organizou os hospitais pelos grupos de benchmarking definidos pela Tutela, para conhecer a performance de cada unidade face a hospitais comparáveis (ver listagem ao lado). No grupo dos maiores hospitais do país (Grupo E), destacam-se o Centro Hospitalar e Universitário de S. João e o Centro Hospitalar e Universitário do Porto.
No grupo seguinte, o Hospital de Braga e o Centro Hospitalar de Gaia/Espinho ocupam as posições cimeiras. No Grupo C, mais duas unidades do Norte - Centro Hospitalar Tâmega e Sousa e Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga - ficaram no topo em termos de produção cirúrgica. No Grupo B, o primeiro lugar foi alcançado por uma unidade da região Centro, o Hospital da Figueira da Foz, e o segundo lugar pelo Centro Hospitalar do Médio Ave.
Como o JN noticiou, parte das cirurgias (62 964 até novembro de 2021, segundo a ACSS) foi realizada em produção adicional, com incentivos pagos aos profissionais de Saúde para operarem fora de horas, aos fins de semana e feriados.
Top 5 por grupo
Grupo E
1.º Centro Hospitalar e Universitário de S. João (Porto) 53 678 cirurgias
2.º Centro Hospitalar e Universitário do Porto 41 318
3.º Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra 38 761
4.º Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central 38 129
5.º Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Norte 35 218
Grupo D
1.º Hospital de Braga 42 873 cirurgias
2.º Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho 29 481
3.º Centro Hospitalar de Tondela-Viseu 22 790
4.º Hospital de Évora 17 346
5.º Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro 16 524
Grupo C
1.º Centro Hospitalar de Tâmega e Sousa 25 703 cirurgias
2.º Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga 23 337
3.º Centro Hospitalar de Leiria 18 171
4.º Hospital de Guimarães 16 902
5.º Unidade Local de Saúde de Matosinhos 15 168
Grupo B
1.º Hospital de Figueira da Foz 9133 cirurgias
2.º Centro Hospitalar de Médio Ave 8554
3.º Unidade Local de Saúde de Nordeste 7832
4.º Centro Hospitalar de Oeste 6925
5.º Hospital Santa Maria Maior (Barcelos) 6007