Saída de Carla Alves, um dia depois de ter tomado posse, é a 13.ª baixa no Governo desde o início do mandato.
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Dia agitado num Governo em constante mutação, que esta quinta-feira sofre mais uma baixa: a recém-empossada secretária de Estado da Agricultura apresentou, esta quinta-feira, a demissão, por entender não ter "condições políticas e pessoais" para iniciar funções no cargo.
A demissão, "prontamente aceite", acontece pouco mais de 24 horas depois de Carla Alves ter tomado posse, no mesmo dia em que foi tornado público um processo judicial que envolve o marido, Américo Pereira, anterior presidente da Câmara de Vinhais, e que levou ao arresto das contas bancárias da governante demissionária, que não é arguida na investigação.
Com a demissão de Carla Alves - que acontece uma hora depois de o presidente da República ter considerado o caso um "peso político negativo" -, sobe para 13 o número de baixas no Governo, entre ministros e secretários de Estado, desde há nove meses, quando o Executivo tomou posse, a 30 de março do ano passado. Contas feitas, há uma média de saídas superior a uma por mês, entre renúncias dos governantes e demissões impostas, que têm abanado o Governo e feito soar avisos de Belém e críticas da oposição.
Antes de Carla Alves, foi Rui Martinho, o ex-secretário de Estado da Agricultura, a deixar o Governo por motivos de saúde. O ex-ministro da Habitação e das Infraestruturas deixou a pasta, na semana passada, na sequência do caso envolvendo a ex-secretária de Estado Alexandra Reis e a TAP. Quando apresentou a demissão, Pedro Nuno Santos justificou a saída com a "perceção pública e sentimento coletivo" gerados pela indemnização de 500 mil euros paga pela empresa portuguesa à antiga governante, assumindo responsabilidade política pelo caso.
As 13 demissões
Sara Abrantes Guerreiro, secretária de Estado da Igualdade e Migrações (2 de maio)
Pediu a demissão devido a uma situação grave de saúde e foi substituída por Isabel Rodrigues.
Marta Temido, ministra da Saúde (30 de agosto)
Pediu a demissão na sequência da morte de uma grávida. Entrou para o seu lugar Manuel Pizarro.
Fátima Fonseca, secretária de Estado da Saúde (30 de agosto)
Saiu devido à demissão de Temido. Entrou Margarida Tavares, criando-se a pasta da Promoção da Saúde.
António Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde (30 de agosto)
Também saiu com a demissão de Marta Temido. Foi substituído por Ricardo Mestre.
Miguel Alves, secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro (10 de novembro)
O ex-autarca demitiu-se após ter sido acusado do crime de prevaricação pelo Ministério Público.
Rita Marques, secretária de Estado do Turismo (29 de novembro)
Foi demitida pelo primeiro-ministro devido a discordâncias de fundo com o ministro da Economia.
João Neves, secretário de Estado da Economia (29 de novembro)
Também foi demitido pelo primeiro-ministro devido a divergências de fundo com Costa Silva.
Alexandra Reis, secretária de Estado do Tesouro (27 de dezembro)
Pediu a demissão devido à polémica indemnização de meio milhão de euros que lhe foi paga pela TAP.
Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e Habitação (29 de dezembro)
Demitiu-se na sequência da polémica saída de Alexandra Reis da TAP, justificando a saída com a "perceção pública e sentimento coletivo" gerados pela indemnização de 500 mil euros paga pela empresa portuguesa.
Hugo Santos Mendes, secretário de Estado das Infraestruturas (29 de dezembro)
Saiu na sequência do caso de Alexandra Reis, envolvendo a TAP, por se saber que tinha dado autorização para a saída negociada da TAP e ter tido conhecimento prévio do valor da indemnização.
Marina Gonçalves, secretária de Estado da Habitação (29 de dezembro)
Saiu na sequência do caso de Alexandra Reis, envolvendo a TAP, mas acabou por ser escolhida pelo primeiro-ministro para o novo cargo de ministra da Habitação.
Rui Martinho, secretário de Estado da Agricultura (4 de janeiro)
Pediu a demissão por "motivos de saúde" e foi substituído por Carla Alves.
Carla Alves, secretário de Estado da Agricultura (5 de janeiro)
Pouco mais de 24 horas depois de ter tomado posse, Carla Alves pediu a demissão após o presidente da República ter considerado o caso de arresto das contas bancárias da governante um "peso político negativo".