Um grupo de cerca de uma dezena de lesados do BES manifestou-se este domingo junto ao restaurante em que decorre o jantar comício da coligação PSD/CDS-PP, nos arredores de Torres Vedras, pedindo moralidade e preocupação com os clientes.
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Cerca de uma dezena de pessoas, quase todas vestidas de negro, com buzinas e apitos, concentraram-se em frente ao local do jantar-comício, empunhando uma bandeira de Portugal e dois pendões, um dizendo "Banco de Portugal e Novo Banco não brinquem com a dignidade humana" e outro que dizia em inglês "Fomos roubados, não desistimos".
Este protesto acontece poucas horas depois de, no Cadaval, um outro grupo de lesados do BES ter protestado junto a um local de campanha da coligação PSD/CDS-PP, tendo o primeiro-ministro recebido três dessas pessoas, a quem, segundo contou uma das presentes, aconselhou que recorressem à justiça e disse que ia "fazer pressão" junto da Comissão de Mercado e Valores Mobiliários (CMVM) e do Banco de Portugal.
"Aquilo que apelamos é que rapidamente haja um volte face, uma preocupação com a justiça e com o que é prometido, com os clientes, com as pessoas, com o cidadão e não com os interesses dos grandes grupos, com as frases vagas e vazias que dizem que estamos numa história de sucesso", disse aos jornalistas Nuno Lopes Pereira, da direção da associação de lesados do BES.
Nuno Lopes Pereira reclama que o parlamento lhes deu razão, numa referência ao relatório da comissão parlamentar de inquérito ao BES, e considerou "um gozo" a ideia de uma subscrição pública para que os lesados recorram à justiça afirmada pelo presidente do PSD e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, na semana passada.
"Ainda pensámos que se traduzisse em qualquer isenção de custas judiciais", afirmou.
Nuno Lopes Pereira disse querer também contrariar a "mistificação da história de sucesso" do país que afirmou estar a ser veiculada por Passos Coelho e Paulo Portas nesta campanha eleitoral.
"Neste momento o que vivemos é um conto de fadas, com dois grandes atores, o doutor Paulo Portas e o doutor Passos Coelho, mas vamos à substância e a substância é imoralidade, um certo 'fait-divers' que cria um artifício de sucesso, um contornar das regras jurídicas e da moral social que devia reger os políticos", afirmou.
"Pedimos substrato, pedimos razão, moral", sublinhou.