IP quer reduzir sinistros para menos de 10. Só no ano passado houve 23 desastres em interseções, que resultaram em quatro vítimas mortais. É o segundo maior registo desde 2019.
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Em 2024, houve 23 acidentes em passagens de nível que resultaram em quatro vítimas mortais e um ferido grave. Desde 2019 que o número de sinistros não era tão alto, ano em que se registaram 32. O plano da Infraestruturas de Portugal (IP) prevê reduzir o número de acidentes para menos de dez até 2030, mas a tendência segue em sentido oposto. No ano passado, foram suprimidas 26 passagens de nível e, atualmente, há 777 interseções em toda a ferrovia.
O Dia Internacional para a Segurança em Passagens de Nível foi assinalado na quinta-feira em mais de 50 países. A iniciativa, liderada pela União Internacional dos Caminhos de Ferro, visa alertar a sociedade para a necessidade do cumprimento das regras de segurança. Com o objetivo de garantir uma maior segurança nas passagens de nível, a IP estabeleceu um plano que prevê reduzir o número de acidentes para menos de dez, entre 2024 e 2030, através da supressão de 135 interseções e a requalificação de 237. A proposta conta com um investimento de 316 milhões de euros.
No último ano, registaram-se 32 acidentes significativos na Rede Ferroviária Nacional, menos quatro do que no ano anterior, e 22 mortos (mais um do que em 2023). Destes, 23 desastres ocorreram em passagens de nível, tendo provocado cinco vítimas – quatro mortais e uma grave.
Apesar de a IP ter como objetivo atingir menos de dez acidentes, por ano, até 2030, os números seguem em sentido contrário. Desde 2019 que o número de sinistros não era tão alto, tendo na altura sido contados 32 acidentes. Nos anos seguintes, os números baixaram: em 2020 e em 2021 (anos marcados pela covid-19), houve 18 e 21 acidentes respetivamente; já em 2022, foram contados apenas 15. Contudo, em 2023, os números voltaram a subir para os 22 sinistros e, no último ano, somou-se mais um.
26 supressões
De acordo com o relatório e contas da IP de 2024, os acidentes nas passagens de nível representam, na Europa, 30% do total de mortes no transporte ferroviário, sendo que, entre as principais causas, estão a desvalorização do risco, a distração e a falta de atenção à sinalização, tanto no atravessamento pedonal como no rodoviário. O desrespeito pela sinalização representa uma contraordenação grave, punida com coima até aos 645 euros. De forma a reforçar a segurança, a empresa tem apostado na realização de campanhas de sensibilização para os riscos associados às passagens de nível e sobre as boas práticas no seu atravessamento.
Além disso, em 2024, foram suprimidas 26 interseções e 11 foram reclassificadas, sendo que haviam 785 passagens de nível (395 automatizadas e 26 com guarda) no fim do ano. No entanto, este ano, já foram suprimidas cerca de oito. Atualmente, há 777 passagens de nível em toda a rede ferroviária e mais de 60% dispõem de proteção ativa.
Câmaras instaladas
Devido à elevada sinistralidade em passagens de nível, a IP decidiu implementar um sistema de videovigilância, que está a ser instalado paulatinamente por todo o país. A nova abordagem, que já tinha sido sugerida pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes em 2023, já foi implementada em algumas zonas das linhas do Minho e do Douro.
Através do sistema de videovigilância, será possível detetar as infrações dos condutores e, posteriormente, puni-los com coimas. O objetivo é aplicar multas, usando a matrícula do veículo filmada pelas câmaras. Atualmente, só podem fazê-lo se a infração for testemunhada por um funcionário da IP.