Com a exceção dos cuidados intensivos, curvas já estão abaixo do que se registava no início do confinamento, mas especialista diz que é cedo para levantar restrições.
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Os 30 dias de confinamento geral produziram resultados evidentes. Os números não mentem: menos novos casos de infeção, internamentos e mortes por covid-19 trazem as curvas dos gráficos para um nível abaixo do que aquele em que estavam no início do confinamento (a exceção são os cuidados intensivos). Mas é cedo para começar a desconfinar, diz o matemático Óscar Felgueiras.
"Todos os indicadores confirmam a melhoria. Há uma descida consistente, tanto no número de casos como na positividade. O que tem consequências nos internamentos, em que se nota uma queda muito substancial e, também, acentuada nos cuidados intensivos, que é um pouco mais lenta, mas vai continuar", observa o professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
De acordo com o boletim da DGS, foram reportados mais 1570 casos e 76 mortes, mais nove do que na véspera, em que se registou o segundo valor mais baixo desde o início do ano. O número de internados diminuiu pelo quinto dia consecutivo (menos 300) e o de internamentos em cuidados intensivos (menos 13) desce há oito - o valor de ontem foi o mais baixo desde 17 de janeiro.
Investir para o futuro
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Pouco mais de uma semana depois de o presidente da República traçar a meta, a média de sete dias das novas infeções já é inferior a 2000, voltando aos valores registados em outubro (no início do período de confinamento era de cerca de 10 mil). "Os números são francamente bons", sublinha o especialista. E, também, inesperados: "Não contava que o efeito fosse tão forte: houve uma subida muito abrupta de casos, mas a descida está a ser igualmente abrupta. A nível europeu, não tem paralelo. Conseguimos cortar a transmissão para níveis nunca vistos: o RT [Índice de Transmissibilidade] está nos 0,66, um valor que ainda não tinha sido atingido durante a pandemia", explica o matemático.
A melhoria também é evidente no número diário de mortes (metade do que se registava no início do confinamento), no número de internados (desceu de cinco mil para três mil, o nível de novembro). A exceção são os cuidados intensivos, que estão no mesmo patamar do início do confinamento.
Ainda assim, "o patamar de incidência, apesar de ser muito melhor do que o tínhamos antes, ainda não é perfeito". Por isso, Óscar Felgueiras defende ser cedo para desconfinar. "É preferível aguentar mais algumas semanas e assegurar um patamar de incidência bastante baixo. Quantas? Quanto mais tempo melhor".
