Há notícias que contribuem para melhorar a vida de pessoas e famílias. Como estas do Jornal de Notícias que tiveram um final feliz em 2020.
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Todos os dias há notícias que mudam o Mundo e há outras que "apenas" resolvem problemas. Este ano, mais uma vez, o JN ajudou quem precisava, cumprindo apenas a obrigação de informar. Foi o suficiente para mudar a vida de muitas pessoas, de norte a sul. Onze exemplos marcados. em vários casos, pela solidariedade dos nossos leitores.
Porto: Da coelheira para a casa nova
Albino conta com dramatismo o último encontro dele e da mulher, a Manuela, com a funcionária da Domus Social. Ela entrou na "casa" deles, suspirou e disse: "Ai meu Deus!". Depois rodou o olhar e sentenciou: "Sr. Albino, prometo, antes do fim da semana vai sair deste buraco!". A funcionária não falhou: três dias depois, tinham casa camarária nova. O casal - ele tem 62 anos, "pulmões rebentados" e reforma de 287 euros por invalidez; ela tem 57 e 189 euros de RSI - deixou em agosto a "casa" de S. Roque da Lameira que custava 145 euros ao mês. A casa nova é um T1 no Bairro do Cerco do Porto e a renda é de 29 euros/mês. "Estamos tão contentes", diz Manuela. O casal tem uma das vidas que o JN ajudou a mudar: foi com a reportagem publicada a 29 de abril que o processo da casa nova se acelerou.
Valongo - Menina com paralisia apoiada
Eduarda Gomes, de cinco anos, com polimicrogiria, uma forma de paralisia cerebral, esteve um mês e meio em casa à espera da colocação de uma auxiliar que lhe desse apoio na Escola Básica do Susão, em Valongo. A aluna, com 95% de incapacidade, precisa de ajuda para todas as tarefas, incluindo comer e ir à casa de banho. No final do mês de outubro, após o JN ter questionado a Autarquia e o Ministério da Educação sobre o caso, a Câmara atribuiu mais um funcionário ao agrupamento. Até à data, o apoio prestado pela auxiliar tem conseguido responder às necessidades de Eduarda, afirma Carla Ferreira, mãe da aluna.
Gaia - Água em casa dois meses depois
Em julho, recebemos a denúncia que um casal, residente em Avintes, Gaia, com três crianças (na altura, um bebé de três meses e dois meninos de dois e quatro anos), estavam a viver sem água em casa há dois meses. O corte havia sido feito pela mulher do senhorio como forma de pressionar Patrícia e António a pagarem as rendas em atraso. Situação que só se arrastou por António ter ficado desempregado por causa da covid-19. Mas mal arranjou novo emprego, o homem propôs pagar a dívida de 700 euros (duas rendas) às prestações, mas a proposta não foi aceite. Mal a notícia foi publicada no JN, gerou-se uma onda de solidariedade. Em apenas cinco dias, o casal recebeu ajuda monetária que lhes permitiu pagar a verba em falta e comprar alimentos para a família.
S. João da Pesqueira - Conseguiu ajuda para terapias
A viver com duas balas alojadas na cabeça desde 2015, Marta Nogueira lançou, no verão, uma campanha de recolha de tampinhas para ajudar a pagar as terapias intensivas. Em setembro, a Associação Desportiva de Árvore Forças Segurança Unidas (ADAFSU) abraçou a missão, que batizou de "campanha Menina Milagre", e o JN deu a notícia. A causa solidária acabaria por tornar-se num sucesso, com a entrega de milhares de tampas para ajudar a jovem de 26 anos de S. João da Pesqueira. "Depois da reportagem, começámos a receber, no Facebook, mensagens de pessoas que queriam ajudar a Marta. A adesão aumentou muito", testemunha o presidente da ADAFSU, Bruno Brini.
Matosinhos - Família já tem habitação municipal
Em maio, Sónia Monteiro relatava, ao JN, que a família já estava "à espera de habitação municipal há um ano", mas a situação tornara-se ainda mais urgente, quando, a meio de abril, o marido sofreu um acidente na casa "sem condições" onde o casal morava com o filho de dois anos, que sofre de uma doença rara. Abílio, de 31 anos, tinha sido eletrocutado quando tomava banho, devido a uma deficiência na instalação elétrica da habitação, situada em Guifões, Matosinhos, e a família deixou de ter condições para permanecer na casa, por temer novos incidentes. O JN noticiou o caso, e a Câmara de Matosinhos deu andamento ao processo de atribuição de uma habitação municipal. "Deram-me uma casa em outubro. Um T2, no Bairro dos Pescadores [em Matosinhos]", disse Sónia Monteiro, explicando que o facto de o marido "não estar incluído no pedido de habitação atrasou o andamento dos papéis".
Aveiro - Já não chove em casa
José Ribeiro, de 58 anos, deficiente motor à conta de um acidente de trabalho e antigo jardineiro do Beira-Mar, em Aveiro, precisava de obras em casa, uma vez que chovia no interior. Com uma pensão de 400 euros e dependente de uma cadeira de rodas, José tardou em pedir ajuda, por vergonha, mas fê-lo. O caso foi noticiado, em agosto, pelo JN. E, em poucos dias, os 3275 euros necessários para os principais arranjos na habitação foram angariados. Aliás, foram ultrapassados. O dinheiro excedente serviu para outras melhorias na casa, como a eliminação de barreiras físicas que impediam, por exemplo, que José se deslocasse sozinho à casa de banho.
Águeda - Computador e net para as aulas
A generosidade de um leitor do JN, que, em abril, se deixou sensibilizar pelo caso de Gonçalo Cruz e ofereceu ao menino pobre de Fermentelos, Águeda, um computador e Internet, permitiu ao jovem acompanhar as aulas à distância. José Ventura deslocou-se de Chaves para entregar o equipamento em mãos e incentivar o aluno, de 14 anos, a estudar. Segundo relatou a professora Manuela Laranjeira, o computador "era antigo, mas foi atualizado" por um professor da escola, tendo permitido ao jovem "acompanhar as aulas" até ao final do ano letivo.
Lisboa - Portátil não deixou aluna para trás
Ana Margarida Lima, 14 anos, aluna do 6.o ano da Escola Básica de São Vicente, em Carnide, Lisboa, não tinha computador para assistir às aulas à distância, quando estas arrancaram em abril. A mãe, com cancro da mama, e o avô, hipertenso e diabético, confessaram ao JN que passavam fome para que a filha e neta não tivesse dificuldades. Um dia após a publicação da notícia do JN, sensibilizado, Gonçalo Poças ofereceu um computador à estudante. "Assim que vi a notícia, pensei que, havendo recursos disponíveis na minha empresa, não fazia sentido uma adolescente, além de todas as dificuldades que já tem, ficar impossibilitada de acompanhar as aulas por não ter um computador", disse na altura ao JN.
Lisboa - Jovens salvos de ficarem na rua
A primeira vaga da pandemia de covid-19 estava no auge quando cinco jovens, com idades entre os 20 e os 30 anos, se viram na iminência de ser despejados do hostel na Travessa do Fala Só, em pleno coração de Lisboa. Devido à falta de clientes, a gerência queria encerrar e não oferecia alternativa de realojamento. Todos desempregados, e sem meios financeiros, valeu-lhes a notícia publicada no site do JN a 7 de abril, e outras que se lhe seguiram, na edição impressa, para chamar a atenção de uma empresária de turismo, que ofereceu apartamentos que tinha livres no Bairro Alto. "Estávamos mesmo desesperados. Valeram-nos as vossas notícias", afirmou Greciele Borges, em nome do grupo.
Beja - Tinham salários em atraso
Os 23 trabalhadores da Mecren-Steel Works, empresa do setor metalomecânico, com sede em Beja, tinham por receber parte do vencimento de janeiro e o mês de fevereiro. Desde que terminaram a construção de um hangar no Terminal Civil Aeronáutico de Beja que não trabalhavam. No dia 3 de março, avançaram com a suspensão do contrato de trabalho. Além de não pagar ordenados, a empresa recusava-se a emitir a declaração destinada a conseguir o subsídio de desemprego. Na semana seguinte após a notícia do JN, publicada a 14 de março, a Mecren não só efetuou os pagamentos em atraso, como fez os trabalhadores regressarem ao trabalho.
Seixal - Oferta de um portátil
Quando as aulas através de tele-ensino começaram, Gonçalo, de 11 anos, não conseguia identificar os gestos do intérprete de língua gestual, remetido para um pequeno canto do ecrã, e distraía-se com facilidade com os professores e com as imagens apresentadas. Surdo, com baixa visão e hiperativo, o menino do Seixal regrediu nas aprendizagens, o que levou a mãe a equacionar retê-lo no 4.o ano. Sete meses depois, Sónia Azenha garante que a janela do intérprete foi aumentada e conta que a publicação do trabalho levou a que um leitor do JN lhe oferecesse um portátil. "Foi uma boa ajuda", diz, satisfeita.v