O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, insistiu, esta sexta-feira, que um Governo de maioria absoluta "significa uma responsabilidade absoluta", o que "exige mais trabalho". Para o chefe de Estado, é normal a sua intervenção diferir "conforme as circunstâncias", mas garante que respeita a Constituição.
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"Preveni logo, no discurso de tomada de posse [do Governo], que uma maioria absoluta significa uma responsabilidade absoluta. E exige mais trabalho para o presidente do que não havendo uma maioria absoluta", lembrou Marcelo Rebelo de Sousa, questionado pelos jornalistas sobre a intervenção que tem tido, nestes últimos tempos, na atualidade política, em visita à Feira do Livro do Porto.
Confrontado sobre se esse papel interventivo pode ofuscar de alguma forma o desempenho dos partidos da oposição ao Governo de António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que tem exercido o seu poder nos limites da Constituição, "conforme a necessidade de equilíbrio do próprio sistema".
"O presidente da República no sistema português ora se apaga mais, ora se avulta mais conforme as circunstâncias. Houve casos de presidentes que tiveram uma intervenção muito ativa na vida política portuguesa em certos momentos. Tiveram, por exemplo, o presidente Mário Soares durante uma parte do seu segundo mandato [durante o Governo de Cavaco Silva] muito ativa, muito crítica e muito contudente", exemplifica.
No seu caso, o chefe de Estado recorda a intervenção "acrescida" que teve durante os dois anos de pandemia, enquanto "porta-voz, simultaneamente da presidência da República, da Assembleia da República e do Governo", bem como das forças envolvidas no combate à covid-19. Deu ainda como exemplo de um período de maior intervenção os últimos meses de 2021, quando decidiu dissolver o Parlamento na sequência do chumbo do Orçamento do Estado para 2022.