Debate sobre estado da nação é hoje marcado por críticas à gestão da pandemia e polémicas de governantes e nomeações.
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No debate sobre o estado da nação, o fogo cruzado terá hoje como principal alvo o Governo, sobretudo na gestão da crise pandémica, que será criticada pela Direita e pela Esquerda, e nas sucessivas polémicas com ministros. A Oposição exige dos socialistas mais apoio a famílias e empresas, que trave os despedimentos e reforce o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Aponta também o dedo aos erros dos governantes, falando de um Executivo desgastado, e às nomeações polémicas.
Ao JN, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, disse que incidirá no trabalho, com despedimentos coletivos, salários em atraso e aumento da precariedade, desde logo no turismo, na hotelaria e restauração, "duramente atingidos" pela crise. Critica "o aproveitamento da pandemia como pretexto para colocar em causa direitos e salários", apontando, como exemplo, a Altice.
Faltou investimento
Outras apostas do PCP, no debate aberto por António Costa, são reforçar os serviços públicos, em particular do SNS, e defender a produção nacional como resposta às dificuldades económicas.
O Bloco de Esquerda leva ao debate "prioridades para que Portugal possa vencer a crise. Isso passa pelo combate à crise social provocada pela covid, mas também à crise climática que já existia antes da pandemia". O último ano "mostrou que a resposta à pandemia e à crise não eram suficientes".
"Ao esforço da população, nunca correspondeu o investimento necessário em testagem ou contratação de equipas de saúde pública, muitos trabalhadores independentes ou desempregados são vítimas da crise e ficaram ou ficarão este mês sem o apoio devido e os profissionais de saúde fizeram tudo o que podiam sem que o SNS tivesse o investimento" que era preciso, refere o Bloco. E destaca igualmente os processos judiciais no sistema financeiro.
O "vice" da bancada do PSD, Afonso Oliveira, critica "medidas erráticas" na pandemia e a "falta de esforço orçamental no apoio à economia e às empresas", quando o relatório da OCDE coloca Portugal entre os que menos apoiaram as pequenas e médias empresas.
Critica os "demasiados erros de governantes" e um "Governo completamente gasto e desgastado". Refere, ainda, "a polémica em torno do procurador europeu, a transferência do ministro das Finanças para o Banco de Portugal, as nomeações de Vítor Fernandes para o Banco de Fomento e Ana Paula Vitorino para uma entidade de regulação".
"Gestão caótica"
Para o Chega, "o pior é a gestão caótica e ineficaz que o Governo tem feito da pandemia com medidas avulsas e diferentes a cada semana", o que "só confunde e prejudica os portugueses e a retoma económica". No verão, decidiu continuar a aplicar restrições "que prejudicam a recuperação económica" da restauração, hotelaria e turismo, diz, acusando-o de "contribuir para o desespero de milhares de famílias".
O que mais preocupa a Iniciativa Liberal "é sentirmos que há uma mudança no ciclo social, porque estamos a sair do período de pandemia, tem de corresponder a uma mudança no ciclo económico, e não se vê mudança de ciclo político", referiu Cotrim Figueiredo. Critica a "hegemonia crescente do PS nas instâncias de poder, na forma como usa a geringonça não só para esterilizar os partidos à esquerda mas para ir cedendo para viabilizar orçamentos".
À Lusa, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, destacou o "esforço hercúleo do SNS e do Governo na compra das vacinas". Bebiana Cunha, do PAN, quer que o apoio às famílias e empresas continue "enquanto for necessário" e os "Verdes" criticam o aumento do "fosso entre ricos e pobres" e a fuga de PS e PSD "ao escrutínio", com o fim dos debates quinzenais. Do CDS, Telmo Correia, critica "a gestão errática da pandemia" e um Governo "fechado em si mesmo", com "ministros que já deviam ter saído há muito".