Nove jovens chefs disputam o título europeu no mercado municipal de Braga. Receitas antigas de família servem de inspiração aos promissores craques da gastronomia.
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Às bancas coloridas de frutas, legumes e flores juntaram-se, na terça-feira, no mercado municipal de Braga, nove bancas de cozinha, que concentraram as conversas de clientes e vendedores. É a partir daqui que vai ser eleito, esta quarta-feira à tarde, o melhor jovem chef de cozinha europeu, através do concurso European Young Chef Award (EYCA). São nove participantes que dão a cara por nove regiões de sete países. Pedro Cruz, de Barcelos, e Inês Branco, de Coimbra, representam Portugal com o coração nos antepassados.
Em dezembro de 2020, Pedro Cruz, com 19 anos, convenceu o júri do Minho Young Chef Awards com um galo marinado em vinho verde. No EYCA, decidiu não replicar a receita vencedora que o trouxe ao concurso internacional, mas ontem, na primeira prova, lançou-se a um galo assado à moda de Barcelos que tem a mesma inspiração: o bisavô. "Foi uma pessoa muito importante para chegar a este prato. Foi das primeiras iguarias que confecionei com ele e decidi honrar a sua memória", explicou o aluno da Escola de Turismo de Viana do Castelo, momentos antes de entrar na cozinha improvisada.
O concurso tem duas provas, uma das quais desafia os participantes a confecionarem a receita tradicional de forma inovadora. A proposta que mais empolga Inês Branco, de 18 anos. "Vou transformar o arroz-doce de Coimbra numa inovação mais complexa. É inspirada na avó com quem sempre vivi", contou a estudante da Escola de Turismo do Oeste.
Norueguês sem bacalhau
Na bancada entre os dois portugueses, Espen Laumann, da Noruega, também prometia "uma visita à avó". O participante não escolheu o ingrediente óbvio, bacalhau, mas antes uma variante, o eglefim, para fazer uma espécie de almôndegas de peixe (fiskeball).
"É muito importante quando conseguimos levar aquilo que fazemos para um nível europeu", frisou Inês Branco. Antes, já o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, tinha demonstrado a importância do evento para o turismo. "Numa lógica de atratividade, a gastronomia tem um peso considerável", concluiu o autarca.
Foram aos "vizinhos" comprar produtos locais
Pela primeira vez, as provas do European Young Chef Award decorrem num espaço aberto ao público, neste caso, no mercado municipal de Braga, onde foram adquiridos parte dos ingredientes para as receitas a concurso. "Os participantes estão num ambiente real, em contacto direto com os fornecedores dos produtos", sublinhou o autarca Ricardo Rio, apontando vantagens para "a promoção do território". Para os talhantes, paredes-meias com as cozinhas improvisadas, as perspetivas não são tão positivas. "Vai ser um caos para o negócio, mas vai promover a cidade. É um evento internacional", reconhece José Araújo.
Sete países participam no European Young Chef Award, num total de nove regiões representadas. São eles Portugal (Coimbra e Minho), Espanha (Menorca e Catalunha), Dinamarca, Eslovénia, França, Grécia e Noruega.