Instalação artística que deu a conhecer a cidade ao Mundo e o extenso programa de animação cultural estão a criar riqueza e a gerar outras fontes de riqueza, que mudam a face da geografia urbana. Câmara lançou estudo de impacto económico para analisar retorno do investimento e preparar o futuro
Corpo do artigo
Há novos negócios a florescer em Águeda a coberto da instalação artística dos guarda-chuvas que deu a conhecer a cidade ao Mundo e atrai milhares de pessoas. No ano passado, estima-se que durante o Agitágueda, programa de animação do município que ao longo do mês de julho agrega diversas atividades e dá o mote para mais uns meses com as ruas cobertas de guarda-chuvas, tenham passado por Águeda entre 200 a 250 mil pessoas. É quatro vezes o número de pessoas que moram no concelho - os últimos censos indicavam que na cidade residem cerca de 14 500 pessoas e, em todo o concelho, perto de 46 600.Foi este "mar" de gente que a aguedense Nádia Ragú Carvalho viu como uma "oportunidade de negócio" e a levou a apostar numa agência de visitas turísticas. Que deu alento a Nuno Saraiva para investir na restauração. Que ajuda a encher o XPT, o hostel que Tiago Santos abriu em 2016.
A empresa Impact Plan, de Patrícia Cunha, a mentora dos guarda- -chuvas, por exemplo, também cresceu. Antes trabalhava "praticamente sozinha" e hoje tem sete colaboradores a tempo inteiro e muitos mais quando tem instalações artísticas para preparar. Só no Agitágueda, este ano, são três dezenas a trabalhar para garantir que tudo corre bem e que o tema selecionado, a cultura japonesa, não passa despercebido. Há carpas, origamis e outras referências, que têm feito as delícias dos visitantes. A empresa de Patrícia alargou o âmbito do trabalho e tem dado cartas no estrangeiro, fazendo decorações em França, Bélgica e Japão, entre outras latitudes.
Das mãos de Graça Almeida, 65 anos, saem têxteis e louças pintadas à mão, pins e outros artigos inspirados nos guarda- -chuvas, que servem de lembrança. Quando pegou num espaço devoluto da cidade e abriu a loja, a GraÇarte, há meia dúzia de anos, "não havia nada", diz. Percebeu a lacuna e preencheu-a. A venda destas lembranças representa a maior fatia do negócio. "O Agitágueda veio dinamizar o negócio. No verão ganhamos para nos mantermos abertos o ano inteiro", diz. Antes, conta, a cidade era um "deserto. As pessoas iam para fora, nas ruas estava quase tudo parado, com prédios degradados". Agora, a cidade "transfigurou-se" e o "orgulho" local também.
Câmara estuda impacto económico
Para perceber o impacto económico do evento, a Câmara lançou um estudo. "É uma necessidade perceber o retorno do investimento que a Autarquia faz", explica o vice-presidente, Edson Santos. Mas o estudo também pretende antecipar problemas, daí analisar, por exemplo, "o fluxo de doentes no hospital, queixas na policia, os levantamentos no multibanco e outros aspetos". A análise arrancou este mês e vai estender-se ate meados de outubro, para construir uma "radiografia da cidade com e sem programa de animação". Mas basta olhar à volta para perceber que "a cidade tem mais imóveis recuperados, os alojamentos e restaurantes do concelho e de concelhos vizinhos estão lotados, há novos negócios a surgir e o número de visitantes continua a crescer".
Este será, explica Edson Santos, "um instrumento valioso para planear o futuro e perceber de que forma Águeda pode ganhar mais com os visitantes, para mudar alguns comportamentos e incentivar privados que ainda não perceberam como aproveitar esta gente que nos visita". O programa cultural, que até dia 28 conta com concertos musicais e outras animações (programa completo em www.agitagueda.com) é uma "porta aberta para visitarem outros locais do concelho", afiança o presidente da Câmara, Jorge Almeida. "Queremos que a partir daqui visitem a lagoa da Pateira, a zona serrana, que provem a gastronomia e que conheçam outras atrações, para que fiquem mais tempo e voltem. Este é o desafio", enfatiza o autarca.