Mulher chega aos 40 graus de febre após ter-lhe sido administrado ácido hialurónico por pessoa sem formação.
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Num dia em que lhe estavam a tratar das pestanas, Paula (nome fictício) ficou interessada no que a trabalhadora do salão de cabeleireiro lhe tinha dito: possuía habilitação para aplicar botox e ácido hialurónico. Ficou interessada e recebeu o último produto no rosto e nas mãos. Na mesma noite, as mãos começaram a doer e a inchar. Chegou aos 40 graus de febre e foi ao hospital.
O caso de Paula foi um dos tratados por Duarte Salema Garção, cirurgião plástico e diretor clínico da MyClinique, onde a paciente se dirigiu após assinar um consentimento informado no hospital por recusar ficar internada. Apesar de lhe terem dito que a situação era "grave". "Já nem conseguia cuidar do meu filho", diz num testemunho enviado ao JN.
"Aplicaram provavelmente um produto que não estava em condições. A paciente começou a ficar com uns grânulos, que infetaram e resultaram em diversas feridas no dorso das mãos", explica o médico. Foi medicada com antibiótico e drenaram-lhe o produto das mãos.
Disfarça com tatuagens
"Quando o inchaço finalmente começou a passar, os sítios onde fui injetada ficaram mais nítidos e começou a sair um pus. Fiquei com uns buracos horríveis [nas mãos]. Pensava que ia ficar assim", recorda Paula. As feridas tornaram-se cicatrizes, que disfarçou mais tarde com tatuagens.
Como é recorrente, na maioria das pessoas que ficam com sequelas após ser-lhes administrado botox ou ácido hialurónico por pessoal não habilitado, também foi dito à paciente que o inchaço nas mãos era "normal". "Disse-me que ia passar, que ia ficar tudo bem. Acreditei nela, mas continuei a piorar. Até que cheguei aos 40 graus de febre", conta.
A trabalhadora do salão de cabeleireiro, que afirmou a "Paula" que tinha um "diploma" para fazer os tratamentos, fazia os procedimentos em casa. Disse que era um "extra". O preço barato foi o que cativou Paula. "Queria que as minhas mãos ficassem sem rugas. Pretendia fazer rosto e mãos tudo de uma só vez, até porque não tinha muito dinheiro", confessa.
Apesar das mazelas físicas, a paciente recuperou e hoje tem a consciência de que não deveria ter aceitado a proposta. "Nunca mais vou optar por um procedimento barato e muito menos por fazer algo em casa de alguém. Pagar melhor e ter um serviço de qualidade é preferível a passar por este sofrimento e estragar a vida toda", conclui.