A deputada única do PAN desafiou o primeiro-ministro a "provar que está disponível para o diálogo" na fase da discussão do Orçamento do Estado na especialidade, considerando que a proposta do Governo ainda "sabe a pouco".
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"Senhor primeiro-ministro, tem dito que há estrada para andar, esperamos que essa estrada não saiba de facto a pouco e, acima de tudo, que a palavra dada seja palavra honrada e que na especialidade, a primeira prova de fogo, cá esteja para me provar que está disponível para o diálogo", afirmou Inês Sousa Real, esta sexta-feira, no encerramento do debate da proposta de Orçamento do Estado para 2022 na generalidade, na Assembleia da República.
Considerando que "o processo de discussão do orçamento não se esgota aqui", a líder do PAN afirmou que "o primeiro-ministro disse e prometeu que seria uma maioria absoluta dialogante".
Na sua intervenção, Inês Sousa Real, que já anunciou que vai voltar a abster-se na votação do orçamento, destacou as "sete páginas de medidas" propostas pelo PAN que o Governo aceitou incluir no documento.
"Sabemos que somos apenas um lugar, um lugar para todas as causas, mas foi graças ao PAN que neste orçamento na generalidade existem respostas, sete páginas medidas alinhadas com os sete anos que temos para combater a crise climática, mas também a crise socioeconómica do nosso país", salientou.
No entanto, a deputada considerou que as "restantes 369 páginas do orçamento" são "ainda páginas que sabem a pouco em diversos domínios". E especificou que "sabe a pouco" quando "quase nada se faz para reduzir a dependência do país dos combustíveis fósseis e se mantêm chorudos subsídios perversos para as grandes poluidoras e quando não se vislumbra sequer o alargamento dos passes sociais dos transportes públicos para que sejam tendencialmente gratuitos".
E também "sabe a pouco" quando "a verba para combater a pobreza energética e assegurar a eficiência das casas das pessoas é seis vezes menos do que devia ser", assinalou a deputada do PAN, defendendo ainda que o "aumento do cabaz essencial com um vale de 60 euros" não chega para quem "vive abaixo do limiar da pobreza".
Inês Sousa Real criticou que a "dignificação dos profissionais de saúde continua enfiada na gaveta ou quando existem mais de 1.2 milhões de portugueses que não têm médico de família".
"Sabe a pouco, acima de tudo, quando as mãos estão fechadas para as necessidades do país, mas são largas para o Novo Banco, para as parcerias público-privadas rodoviárias ou para atividades cruéis como a caça ou a tauromaquia", continuou.
A líder do Pessoas-Animais-Natureza pediu ainda um "combate aos paraísos fiscais, nomeadamente com o novo regime do englobamento e reforço dos meios de combate à corrupção".
Lembrando que em outubro "o PAN disse que não faltaria ao país" e iria abster-se, como acabou por fazer, "se o Governo estivesse disponível para acolher as suas medias" Inês Sousa Real disse que voltará a fazer o mesmo porque cumpre as suas promessas.
O debate do Orçamento do Estado arrancou no parlamento na quinta-feira, com a apresentação do documento por parte do primeiro-ministro, e termina hoje, com a aprovação do documento pela maioria absoluta do PS.