A ultrapassagem do PAN (4,4%) ao CDS (3,9%) é a principal novidade do dia na sondagem da Pitagórica para o JN, TSF e TVI. Na frente, fica quase tudo na mesma entre PS (37,3%) e PSD (28,8%), ainda que os sociais-democratas ganhem umas décimas.
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Já tinha havido algumas ameaças e esta quinta-feira concretizou-se: o partido de André Silva ultrapassa pela primeira vez a barreira dos quatro pontos percentuais e "rouba" o quinto lugar a Assunção Cristas, que volta a cair. Ainda que o histórico destes 13 dias seja favorável aos centristas, começa a parecer evidente que, com ou sem ultrapassagem dos animalistas/ambientalistas, o CDS arrisca ter o seu pior resultado de sempre em eleições legislativas (pior do que o "partido do táxi" de 1987).
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Quando se analisam os resultados dos dois partidos nos diferentes segmentos (alertando, como sempre, que deve ser lido com reservas, uma vez que são amostras com um número reduzido de inquiridos), percebe-se, por exemplo, que o CDS continua em vantagem entre os eleitores de 55 e mais anos (o maior contingente e o que menos se abstém), mas que está em perda também nesta faixa etária. O PAN está praticamente ausente neste escalão mas reforça-se em todos os restantes. Confirma-se, por outro lado, uma mudança de padrão: os mais novos (e também mais abstencionistas) têm um peso cada vez menor.
8,5 pontos separam PS do PSD
Na frente do pelotão praticamente não há alterações, embora o PSD ganhe uma décimas, fazendo recuar a distância que o separa dos socialistas para os 8,5 pontos percentuais (chegaram a ser 14 pontos no arranque desta "tracking poll"). Um fosso que, quando falta um dia de campanha e três para as eleições, parece inultrapassável. Mesmo que seja desconhecido que efeito poderá ainda ter a abstenção nos cenários que agora se colocam.
Feitas as contas (mesmo que falte ainda um dia para o final da sondagem diária, que atualizamos todos os dias às 20 horas), António Costa sai a perder com este período de campanha (baixa mais de três pontos) e Rui Rio a ganhar (sobe mais de dois pontos). Insuficiente, no entanto, para inverter a posição relativa de cada um.
Ainda assim, o PS está acima do que conseguiu nas legislativas de 2015 (mais cinco pontos) e do que marcou nas últimas europeias (mais quatro pontos). O PSD também melhora face às eleições para o Parlamento Europeu (mais sete pontos), mas não relativamente ao que conseguiu com Passos (e Portas): a soma de PSD e CDS daria nesta altura menos seis pontos do que o resultado da coligação formal de 2015.
CDU em risco de perder terreno
Nesta 13ª e penúltima entrega da Pitagórica para o JN, quem regista a maior alteração é a CDU, a perder quase um ponto de um dia para o outro. Mas, mais importante seja notar que, no longo prazo, está praticamente no mesmo nível com que começou (marca agora 6,6%). A confirmar-se seria um péssimo resultado, mas não inédito: em 2002, com Carlos Carvalhas, ficou-se pelos 6,9%.
O Bloco tem agora 9,2%, o que também é consistente com o arranque da sondagem diária. Consiga ou não ficar acima da barreira dos 10% (onde esteve durante mais de metade do tempo), parece quase certo que conseguirá um terceiro lugar e com um resultado semelhante, quer às últimas europeias (9,8%), quer às eleições de 2015 (10,2%).
No que diz respeito aos partidos que espreitam a oportunidade de chegar pela primeira vez à Assembleia da República, os mais bem colocados na projeção nacional são o Aliança de Pedro Santana Lopes e o Chega de André Ventura (ambos com 1,5% nesta altura). O Livre de Rui Tavares e o Iniciativa de Liberal de Carlos Guimarães Pinto seguem mais abaixo (0,9%).
Na prática, no entanto, o resultado nacional é quase irrelevante. A hipótese de eleger um deputado é sempre maior em Lisboa (o maior círculo eleitoral do país), mas são necessários cerca de 2% dos votos na capital para lá chegar. Foi este o valor que levou André Silva para o Parlamento. E o que nos diz o histórico da sondagem diária é que o Livre e o Liberais ainda são os que têm melhores hipóteses de conseguir um holofote no Parlamento.
Números
20,2%
O número de indecisos volta a crescer. São agora um em cada quatro eleitores com o voto por decidir. Os suficientes para fazerem alguma diferença nas contas finais. As mulheres (22,6%), como sempre, estão mais indecisas do que os homens (17,7%). Da mesma forma, a faixa etária dos 18/34 anos (28,4%) tem mais dúvidas que os eleitores de 55 e mais anos (16,3%). Mantém-se a tendência habitual de a indecisão aumentar quanto mais escasso o rendimento. Finalmente, é na Região Centro que vivem mais indecisos (23%).
+10,4
A "tracking poll" aproxima-se do fim e Rui Rio já não perderá o primeiro lugar entre a avaliação que os eleitores fazem à prestação dos líderes partidários em campanha (diferença entre quem melhorou e quem piorou a sua opinião). Tem um saldo positivo de 10,4 pontos. Por oposição, note-se que António Costa esteve sempre em terreno negativo e está agora com um saldo negativo de 11,3 pontos.