Belém fala de várias renovações do regime de exceção. Norte tem cenário negro. Origem de 81% de infeções por identificar. Aulas à distância podem voltar nas pontes dos feriados.
Corpo do artigo
A covid-19 está espalhar-se entre as crianças e jovens no Norte, tendo-se tornado galopante nas últimas semanas e ultrapassado os números dos idosos. O aumento é notório: a taxa de crescimento é de 32% entre os menores de 10 anos e de 24% entre os adolescentes.
Estes dados saíram esta quinta-feira da sessão com os peritos no Infarmed, onde também se ficou a saber que, na última semana, mais de 80% dos novos casos não tiveram a origem identificada; que se prevê que o pico da pandemia chegue daqui a uma semana, com mais de sete mil infeções diárias; e que os Cuidados Intensivos estão à beira da rutura.
É com este cenário que o Parlamento renova esta sexta-feira o estado de emergência por mais 15 dias (a partir de terça-feira) e que o Conselho de Ministros definirá a estratégia de combate. Em cima da mesa estará a possibilidade de os alunos voltarem às aulas à distância nas pontes dos feriados de 1 e 8 de dezembro, para evitar deslocações, apurou o JN. A medida pode juntar-se ao controlo entre concelhos naqueles dois fins de semana.
12496502
Segundo Óscar Felgueiras, matemático da Universidade do Porto, a incidência no Norte "é quase sete vezes superior à registada em abril no momento mais alto da pandemia". No distrito do Porto, apesar da estabilização entre a população ativa, a subida é notória entre as crianças e adolescentes.
Foi esta realidade que levou o chefe de Estado a questionar os peritos sobre a necessidade do fecho de escolas e universidades. Mas os epidemiologistas não foram taxativos. Ao JN, Óscar Felgueiras disse que "não é clara a origem da transmissão entre os jovens". Os diretores insistem que as escolas são seguras, embora digam que "não podem controlar os alunos quando saem da escola, usam transportes e praticam desporto nos clubes".
O tom é de preocupação: os especialistas Manuel Carmo Gomes e Baltazar Nunes - que à porta fechada terão dito que avisaram no verão para o risco de se chegar a este ponto - alertaram que a pandemia "cresce há 88 dias" e se caminha para um tal número de infetados "do qual não é fácil sair". Mais: o pico ocorrerá de 25 a 30 de novembro e a média de mortes diárias pode chegar às 100.
Cuidados intensivos em rutura
Juntam-se ainda dois factos à equação: André Peralta, da Direção-Geral da Saúde, admitiu que "81% dos casos da última semana são notificações sobre as quais não há informação do link epidemiológico [fonte de contágio], e João Gouveia, da Coordenação da Resposta em Medicina Intensiva, alertou para "o risco de já não se conseguir receber todos os doentes que precisem" destes cuidados .
12477655
Marcelo, que fala esta sexta-feira ao país, admitiu à saída que serão necessárias "subsequentes renovações" do estado de emergência, que podem durar meses. "Aquelas que forem necessárias para se esmagar a curva", alertou. Já António Costa, longe das câmaras, terá aludido ao facto de a Bélgica e a Irlanda terem conseguido controlar a transmissão quando fecharam centros comerciais e restaurantes. Mas não deu sinal do que irá anunciar no sábado.
No Conselho de Ministros desta sexta-feira, explicou, será analisada a possibilidade de se retirarem concelhos do quadro das medidas restritivas.