O bispo da diocese de Leiria-Fátima foi um dos alunos do actual Papa Bento XVI. Momentos vividos em 1975 e que hoje recorda "com gosto".
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Em entrevista ao JN, D. António Marto explica que quando foi aluno de Joseph Ratzinger "estava longe de imaginar que um dia aquele homem, aquele professor seria Papa e eu bispo". "Eu até acredito que nunca lhe deve ter passado pela cabeça que um dia seria Papa, assim como não me passava pela cabeça que um dia seria bispo", afiançou.
O responsável da Diocese de Leiria-Fátima encontrava-se a fazer um doutoramento em Teologia, em Roma, quando soube que um professor alemão convidado iria dar um curso intensivo na Universidade Gregoriana.
"Como o nome do professor era famoso, frequentei o curso", revela D. António Marto, recordando que decidiu pedir um encontro ao professor. "Ele dignou-se aceitar e foi ao colégio onde eu estava. A primeira coisa que fez, quando entrou no quarto e viu o piano, foi sentar-se e tocar. E eu fiquei surpreendido, porque não estava à espera disso. Mostra a veia artística que ele tem e que hoje ainda conserva", afirmou. Admitindo que guarda do actual Papa "esta acessibilidade e afabilidade para com os alunos", o bispo lembra "a inteligência brilhante e profunda".
Um novo encontro ocorreu em 2000, era D. António Marto director da Faculdade de Teologia no Porto. Para realizar umas jornadas, decidiu convidar o antigo professor. "Ele aceitou e até falou em português muito claro. Toda a gente o entendeu".
Desde essa ocasião que os encontros entre os dois passaram a ser quase anuais. "Quando ainda era cardeal, tínhamos mais tempo. Quando foi eleito Papa, as audiências passaram a ser de 20 minutos", adianta.
Acerca a personalidade de Bento XVI, o bispo garante que o Papa "tinha e ainda mantém o humor". "Ele pode parecer distante para o grande público, mas é uma pessoa simples, afável, de uma grande delicadeza e com grande capacidade de escutar. Ele escuta muito, presta muita atenção ao que a gente diz", frisou.
Sobre o facto de Bento XVI não ter ainda criado uma aproximação emocional com as pessoas, ao contrário do seu antecessor, João Paulo II, D. António Marto garante que a opinião vai mudar após a visita a Portugal. "As pessoas poderão ver, sentir mais de perto, que é um homem afável, com ternura e que fala à inteligência e ao coração. Usa imagens muito simples, mas cheias de beleza, para transmitir a mensagem da fé. E sentirão mais essa ligação afectiva", assegurou.