O papel que os grupos privados devem ter no Serviço Nacional de Saúde (SNS) continua ser o cavalo de batalha do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista, na campanha das eleições para o Parlamento Europeu.
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Os líderes dos partidos voltaram a acusar António Costa de querer privatizar a Saúde, através da nova Lei de Bases, em preparação.
O "fim da promiscuidade" entre o setor público e privado no Serviço Nacional de Saúde foi exigido pelo secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, em Vila do Conde.
Já Catarina Martins, no Porto, reclamou para os bloquistas o título de "filhos do SNS" e acrescentou: "Não privatizamos aquela que é a maior conquista da democracia portuguesa e que levamos tão a sério o repto de António Arnaut e João Semedo para salvar o Serviço Nacional de Saúde".
Os dois partidos de suporte ao Governo estão em pé de guerra com a possibilidade de a proposta de Lei de Bases da Saúde, que o Governo pretende apresentar à Assembleia da República, manter a possibilidade de hospitais públicos serem geridos por privados.
Vox comparado a Aliança
"O Vox estará para o Partido Popular [espanhol] como a Aliança está para o PSD", disse o cabeça de lista do CDS. A comparação com o partido de Santana Lopes foi feita por Nuno Melo para assegurar que só acusa o partido espanhol de ser de extrema-direita quem não conhece o seu programa.
Em entrevista à Lusa, Nuno Melo apelou a um debate público sobre as migrações, para que o tema não seja "deixado para os extremistas". E acusou o Governo de fazer publicidade enganosa e de nepotismo, devido ao "familygate". Acredita, por isso, que os eleitores farão das europeias uma "estrondosa moção de censura" ao Executivo.
Disse ainda que o Bloco devia ter "vergonha" de pedir a morte de Bolsonaro. No dia 25 de abril, bloquistas cantaram a Santo António, pedindo-lhe para levar "Bolsonaro para ao pé do Salazar".
AGENDA
PSD vai à Madeira e PS percorre o Centro e Norte
A campanha oficial ainda não arrancou, mas os candidatos já estão ativamente no terreno. Hoje, Pedro Marques (PS) começará o dia em Carregal do Sal e acabará em Barcelos. Paulo Rangel (PSD) estará na Madeira. Nuno Melo (CDS) vai estar em Palmela e em Setúbal. Por Braga andará João Ferreira (CDU). E Marisa Matias (BE) estará no Fundão.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Perante a incerteza do Brexit, o aumento do populismo e a ameaça das notícias falsas, o Parlamento Europeu assume um papel redobrado.
Quando são as eleições?
As eleições realizam-se entre 23 e 26 de maio, em toda a União Europeia. Em Portugal, serão a 26 de maio. Quem está emigrado pode votar nos candidatos do país de residência ou nas listas portuguesas, nos serviços consulares. A campanha eleitoral arranca a 13 de maio.
Porque é importante votar?
O Parlamento Europeu representa 510 milhões de europeus e é a única instituição diretamente eleita pelos cidadãos, a cada cinco anos. O site "O que a Europa faz por mim" esclarece sobre projetos apoiados pela Europa e decisões com impacto no quotidiano, como a saúde, emprego e dinheiro.
Quem são os candidatos?
Em Portugal, as listas de candidatos - propostas por partidos, coligações ou movimentos políticos - são as mesmas em todo o país. O número de eleitos de cada lista depende do número de votos obtido por cada partido.
Quantos eurodeputados são eleitos?
Portugal vai eleger 21 eurodeputados, tantos quantos em 2014, ano em que foram eleitos 751 eurodeputados. Ontem, estava previsto que Reino Unido participasse nas eleições, já que o Brexit foi adiado para outubro. Mas se houver um acordo de saída até 22 de maio, não participará no plebiscito. Nesse caso, só serão eleitos 705 eurodeputados.
Como se organizam os eleitos dos vários países?
Os eurodeputados estão agrupados por família política, não por nacionalidade: Partido Socialista Europeu (onde se inclui o PS), Partido Popular Europeu (PSD e CDS-PP) e Esquerda Unitária Europeia (BE e PCP).
O que faz o Parlamento Europeu?
Tem poderes de supervisão, orçamental e legislativo. Controla e fiscaliza a atividade das instituições comunitárias e elege o presidente da Comissão Europeia; aprova o Orçamento da União Europeia, com o Conselho Europeu; e tem legitimidade para aprovar leis, como o Conselho. Integra 23 comissões (agricultura, ambiente, segurança, crimes financeiros, emprego, transportes, etc.), que se reúnem duas vezes por mês para preparar propostas legislativas, a levar a plenário.