A Assembleia da República aprovou, esta semana, o voto de condenação do PS sobre o episódio da "câmara de gás" que gerou polémica em abril, depois de o presidente da Câmara da Trofa ter colocado "gosto" numa publicação de Facebook feita por um funcionário do Município, que sugeria que os deputados fossem gaseados.
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Para os deputados socialistas, "tal sugestão, que mereceu o aval de um autarca com especial responsabilidade pública, constitui não apenas uma alusão ofensiva para os milhões de vítimas dos campos de extermínio nazis, mas também um incitamento à violência contra a Assembleia da República e os seus deputados".
No voto de condenação, o PS sublinha ainda que "todos os titulares de cargos políticos, democraticamente eleitos, têm um especial dever de salvaguardar os valores da nossa democracia e condenarem, sem margem para dúvida, qualquer expressão que incite à violência e ao descrédito da instituição democrática por excelência que é a Assembleia da República".
Autarca colocou "gosto" em duas publicações
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Recorde-se que o episódio, então noticiado pelo JN, surgiu no âmbito da cerimónia do 25 de Abril no Parlamento, em relação à qual o funcionário municipal se insurgiu, através das redes sociais. "Se houver quem ponha aquele espaço a funcionar como uma câmara de gás, eu pago o gás", afirmou o coordenador da equipa de assistentes operacionais da Câmara da Trofa, no final de um texto publicado a 19 de abril, no perfil pessoal de Facebook.
O trabalhador reafirmaria tudo em novo "post", a 26 de abril, um dia depois de o JN ter avançado a notícia. Fez a mesma publicação também no grupo público de Facebook "Trofa", a qual colheu a anuência de Sérgio Humberto, com novo "gosto" a partir do perfil pessoal do autarca do PSD. Nesta nova publicação, o funcionário público começava por escrever: "venho por este meio afirmar e reafirmar que se for preciso pago o gás".
O presidente da Câmara da Trofa reagiu, então, em comunicado, afirmando ter colocado "gosto" sem ler a publicação até ao fim. "O "gosto" identificava-se apenas e só com a discordância do autor em relação à realização das comemorações do 25 de abril", justificou Sérgio Humberto, afirmando que "não ler até ao fim é um erro".
O autarca não explicou, contudo, o que o levou a voltar a "gostar" do novo "post" do mesmo funcionário, que, após o JN ter noticiado o episódio, tornou a publicar o texto em que sugeria para a Assembleia da República uma ação idêntica aos extermínios levados a cabo pelo regime nazi, que durante a Segunda Guerra Mundial matava os presos dos campos de concentração em câmaras de gás.