Passados mais de seis meses, os óbitos por covid estão agora abaixo dos 20 por um milhão de habitantes. Tinha sido este o limiar inicialmente definido pelo Governo para levantar restrições como a obrigatoriedade de uso de máscara, mas que deixaria cair em meados de abril. Altura em que a máscara passou a ser obrigatória apenas em serviços de saúde, lares e transportes públicos. Medida que, entende o matemático Óscar Felgueiras, deveria agora ser repensada, porque a pandemia está "completamente controlada".
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Desde o dia 4 de janeiro, recorda o perito que apoiou o Governo no combate à crise sanitária provocada pela covid, que a mortalidade por covid estava acima dos 20 óbitos/milhão de habitantes a 14 dias. E só nesta semana Portugal baixou aquela fasquia. Na terça-feira, de acordo com os cálculos do matemático, estava nos 17,9/milhão.
Levantar medidas
Aliada a uma incidência média a 14 dias de 596 casos por 100 mil habitantes, Óscar Felgueiras fala numa situação "completamente controlada". Alcançado o patamar da mortalidade, "é mais um indicador no sentido de se ter espaço para avançar com o levantamento das restrições existentes; provavelmente estamos em condições de dar mais alguns passos". Concretamente, diz ao JN, o fim da obrigatoriedade de uso de máscara nos transportes públicos. O JN questionou o Ministério da Saúde sobre se poderão ser levantadas mais restrições, mas não obteve resposta em tempo útil.
Foi a 22 de abril que, volvidos dois anos, caiu a obrigatoriedade de uso de máscara, nomeadamente nas escolas. Na altura, a ministra da Saúde avançava ser necessário "guardar energia para uma pandemia que ainda não terminou e que não sabemos que medidas nos pode vir a impor". Isto para explicar a razão de ter deixado cair o indicador da mortalidade, na altura nos 27,9/milhão.
Aquele limiar havia sido proposto pelos peritos de universidades do Norte, em linha com o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo das Doenças, naquela que foi a última reunião pública no Infarmed, em fevereiro passado. Que se juntaria a menos de 170 camas de Unidades de Cuidados Intensivos ocupadas por doentes covid - na semana passada, eram 49. Atingidas as duas metas, imperaria a autogestão do risco.