Pedro Nuno: "Se tivéssemos tido 10% dos casos e casinhos da AD, eu era arrasado"
No discurso de encerramento da campanha, o líder do PS recuperou, uma vez mais, os discursos polémicos de membros da AD - do aborto ao clima, passando pelos reformados. Atirando os "casos e casinhos" para cima da coligação, afirmou que, se estes tivessem ocorrido na sua candidatura, todos seriam "arrasados".
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Em Almada, Pedro Nuno Santos referiu-se diretamente aos episódios protagonizados por Paulo Núncio (sobre a reversão do aborto) e Eduardo Oliveira e Sousa (acusado de negar as alterações climáticas) e atirou: "o que é extraordinário é que, tivessemos nós, nesta candidatura, 10% destes casos e casinhos, desta falta de harmonia e coesão, e éramos arrasados. Eu era arrasado!".
Empolgado, o secretário-geral socialista colou o líder da AD, Luís Montenegro, aos episódios que referiu. “Foram capazes de perdoar tudo ao cabeça de lista, ao canddiato, ao líder! Como se o líder não tivesse de garantir coesão e harmonia no discurso dos candidatos”. E, no mesmo tom, reforçou: “Olhem para a campanha do PS: onde é que nós desafinámos? Onde?”. Muitos na sala gritaram “Nâo passarão!”.
Pedro Nuno Santos, que já há vários dias tem a voz a falhar-lhe, acabou o último discurso decidido a esgotar as forças que ainda lhe sobravam. Depois de trazer para o discurso os tais "casos e casinhos" (a mesma expressão usada para descrever as várias polémicas do Governo da maioria absoluta, do qual se demitiu), sentenciou, sempre com a AD na mente: "Quem não garante coesão e harmonia nas suas candidaturas, como pode garanti-las no Governo da República?". Ouviu muitos aplausos.
Pedro Nuno Santos terminou com o já habitual apelo ao voto, algo que tem feito incessantemente nos últimos dias. Pediu “a todos os que costumam votar à Esquerda", bem como aos que deram a maioria absoluta ao PS há dois anos, para que confiem no seu partido. "Não podemos dispersar votos. Temos de concentrar os votos no PS".
Durante o comício, o tema da igualdade de género esteve sempre presente. Aproveitando o facto de ser Dia da Mulher, e procurando capitalizar com as declarações do candidato da AD por Lisboa, Paulo Núncio - que, no final de fevereiro, disse querer reverter o direito ao aborto -, tanto Pedro Nuno como Ana Catarina Mendes e Inês de Medeiros (autarca de Almada), que falaram antes, procuraram demonstrar que o PS é o grande defensor das causas que preocupam, em particular, o sexo feminino.