A nova estratégia de testagem contra a covid-19 na comunidade, concretamente a escolar, ainda está a ser operacionalizada pelo Governo e não foi consensual entre os pares.
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O JN sabe que entre os especialistas ouvidos pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para a redação daquela norma havia quem defendesse a testagem semanal e em crianças mais novas.
Segundo o JN apurou, alguns dos peritos envolvidos na redação da referida norma preconizavam a realização de testes a crianças com menos de dez anos de idade em contexto escolar, nomeadamente com recurso a amostra de saliva. Testagem essa que, defendiam, deveria ser feita semanalmente nos concelhos com incidência cumulativa superior a 120 casos a 14 dias por 100 mil habitantes.
Proposta que não foi acolhida, decidindo-se por rastreios periódicos a cada 14 dias (com base na mesma incidência), sendo que apenas a partir do Secundário se irão testar estudantes. Até ao 3.º Ciclo, só serão realizados testes rápidos de antigénio a pessoal docente e não docente.
Com o "risco", alerta o pneumologista Filipe Froes, de "andarmos a correr, outra vez, atrás do prejuízo numa altura crítica, em que o desconfinamento assume características essenciais à sobrevivência de muitas empresas". Citando um médico norte-americano, Filipe Froes avisa que "do número de testes que fizermos dependerá a abertura da sociedade". Ou, por outras palavras, "não podemos abrir uma sociedade e poupar nos testes".
Privados a aguardar
Outra das questões que se levanta, que não foi ainda esclarecida pelo Executivo, é se esta campanha inclui as escolas privadas. Ontem mesmo, foi aprovada a realização de uma despesa de 19,8 milhões de euros para compra de testes. Mas apenas para escolas públicas e creches do setor social.
Ao JN, o presidente da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo recorda que, "no plano anterior, o ensino particular estava incluído". Rodrigo Queiroz e Melo diz aguardar instruções da tutela, mas não lhe passa "pela cabeça que as crianças e profissionais do ensino particular não sejam incluídos".
Filipe Froes, por sua vez, frisa que na norma "não foi feita qualquer destrinça entre setor público e privado, até porque essa diferença não existe para o vírus".
Recorde-se que, a 19 de janeiro, o Governo anunciava o arranque de testes rápidos nas secundárias em concelhos de risco extremamente elevado. " Nos estabelecimentos de ensino públicos e privados", comunicavam.
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