PEV responde ao PAN: "Não temos suspeitas de envolvimento com pessoas que agem de cara tapada"
O pingue-pongue de críticas segue entre Os Verdes e o PAN. Depois do comentário que André Silva, porta-voz do PAN, fez esta manhã em resposta às declarações que José Luís Ferreira fez na noite anterior, o deputado do partido ecologista Os Verdes voltou ao ataque. José Luís Ferreira garantiu que o PEV "não tem patrões" e endureceu as críticas ao PAN.
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A tensão aumenta entre o Partido Ecologista Os Verdes (PEV) e o partido Pessoas Animais Natureza (PAN). Se esta manhã, André Silva acusou Os Verdes de serem uma "ficção política" e "um projeto do seu patrão político que é o PCP" que "desistiu de ser partido", José Luís Ferreira respondeu à letra ao porta-voz do PAN, após o comício da CDU na Marinha Grande que decorreu esta noite.
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"Curto e grosso", com fez questão de referir, o deputado no PEV na Assembleia da República repetiu o que tinha dito na quarta-feira no comício em Setúbal. "Não estranhamos que partidos que nem são de Esquerda nem de Direita, nem são carne nem peixe, que tenham alguma dificuldade em distinguir a ficção da realidade porque de facto esse 'isentismo' é que leva a que haja confusão nessa descrição", frisou José Luís Ferreira.
O candidato número três da CDU pelo distrito de Setúbal garantiu que o PEV é um partido autónomo, e que não são "terceiros que vêm sugerir e dar palpites" sobre a forma como o PCP e Os Verdes se organizam e coligam nos atos eleitorais. José Luís Ferreira foi ainda mais longe, e condenou o alegado envolvimento do PAN ao grupo extremista de defesa dos animais Intervenção e Resgate Animal (IRA).
"Nós não temos patrões, nem sobre nós recaem quaisquer suspeitas de envolvimentos com pessoas ou organizações que agem de cara tapada e com métodos, eu diria, questionáveis do ponto de vista legal, do ponto de vista de Estado de direito democrático, e até do ponto de vista penal", atirou.
No comício noturno que decorreu na quarta-feira em Setúbal, José Luís Ferreira acusou o PAN de "alinhar num bacalhau com todos" e condenou os "PANpulismos" e os "fundamentalismos, proibicionismos e penalismos". Esta noite, o deputado do PEV rejeitou que o seu partido tenha "perdido a validade", como acusou André Silva esta manhã. Os Verdes "não acordaram agora para os problemas ambientais" porque, segundo dizem, têm dado provas ao longo dos anos do trabalho realizado em prol do ambiente, das alterações climáticas e do bem-estar animal.
"Eu recordo-me que em 1988, no fim do século passado, Os Verdes apresentaram na Assembleia da República uma proposta de lei de bases para o bem-estar dos animais não humanos, e o mesmo se diga às alterações climáticas", justificou José Luís Ferreira.
O candidato por Leiria defendeu que o PEV "não tem nada a esconder" e contra-atacou o PAN sobre outra questão, a votação na Assembleia da República de uma proposta do PAN sobre a tara recuperável em garrafas de plástico. André Silva disse que o PEV votou contra, mas a verdade é que se absteve, tal como o CDS. Quem votou contra foi o PCP. "Por causa dessas e de muitas outras, continuamos a considerar que é possível defender o ambiente e os animais sem enganar as pessoas e aquilo que foi dito hoje é de facto enganar as pessoas".
Antes das declarações feitas aos jornalistas, Os Verdes já tinha assumido o protagonismo do comício noturno que decorreu no pavilhão da Sociedade de Beneficência e Recreio (SBR) 1.º de Janeiro, na Marinha Grande. Heloísa Apolónia, cabeça de lista por Leiria discursou antes de Jerónimo de Sousa e, de forma efusiva, apelou ao voto no distrito que não elegeu nenhum deputado em 2015.
A líder do partido ecologista da CDU quer fazer história e dar uma voz "firme e determinada" a Leiria na Assembleia da República. Por isso, pediu a cada um dos cerca de 520 apoiantes presentes no jantar para serem "uma formiguinha" na luta da CDU.
No discurso final, o secretário-geral do PCP teceu rasgados elogios à homónima do partido ecologista Os Verdes, "uma deputada com grande experiência que foi pioneira no levantar das questões ambientais e ecológicas na Assembleia da República".