Relatório preliminar do Gabinete de Investigação e Prevenção de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários refere que piloto da segunda aeronave ainda descarregou água por cima das chamas da aeronave para tentar salvar André Serra. Acidente ocorreu antes da última descarga do dia
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André Serra percebeu um "movimento abrupto" do avião e ainda largou a água que transportava para evitar a queda. Contudo, a aeronave não conseguiu "recuperar a altitude", colidiu com a "semiasa direita num primeiro socalco" e só ficou imobilizada a "45 metros do ponto de contacto inicial".
A constatação é do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GIPAAF) que, num relatório preliminar sobre o acidente de Foz Côa, revela que o piloto do segundo avião que combatia as chamas no mesmo local visualizou a queda e despejou a água em cima das chamas que consumiam o Fire Boss pilotado por André Serra.
Segundo o GIPAAF, André Serra "estava devidamente autorizado e certificado para a condução do voo" e o Air Tractor AT-802F "estava autorizada a voar de acordo com os regulamentos em vigor". As comunicações do piloto mostram, por outro lado, "que durante todo o voo nada foi reportado sobre algum problema ou limitação da tripulação ou aeronave". "As evidências sugerem que o motor estava a debitar potência no momento do impacto com o solo", lê-se no relatório.
Piloto tentou evitar embate
O mesmo documento descreve que, pelas 18.45 horas da passada sexta-feira, os dois aviões que combatiam as chamas em Foz Côa foram reabastecer de água para realizar uma última descarga e ambos iniciaram a subida sem problemas. O Fire Boss pilotado por André Serra contornou "o monte da margem esquerda do rio Douro" e, quando estava a cerca de 330 metros de altura, o avião "iniciou um movimento abrupto com nariz e asa direita em baixo".
"Tal movimento foi imediatamente seguido pela ação do piloto com a abertura em emergência da carga de água transportada. Decorrente da perda de controlo e sem recuperar a altitude, a aeronave colidiu inicialmente com a semiasa direita num primeiro socalco", relatam os técnicos.
Colegas tentaram salvar André Serra
O avião imobilizou-se "a 45 metros do ponto de contacto inicial", incendiou-se e foi consumido pelas chamas. O colega de André Serra que pilotava o Canadair que também combatia o fogo em Foz Côa "visualizou a queda e consequente incêndio" do Fire Boss e tentou evitar o desfecho trágico ao precipitar-se para o local do acidente e realizado "uma largada de água sobre os destroços da aeronave". Nada que conseguisse evitar a morte do piloto de 38 anos.
A investigação continuará para apurar os motivos que levaram a que o avião sofresse um "movimento abrupto" que esteve na origem da colisão.